quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dalí Fantasmagórico

fotos: Mathieu GILLOT

Não é um museu. Nem galeria. É um pouco dos dois.  O “Espace Dalí Montmartre” é um espaço dedicado ao trabalho e aos devaneios de Salvador Dalí. Colagens, móveis, objetos de vidros, sobretudo gravuras e esculturas. Mais de 300 obras pontuadas pelas literatura e mitologia. História e religião. 

Um sobrado confortável, charmoso, por vezes “transreal”, com áudio e imagens do mestre surrealista em ação. Em suas esculturas fica evidente sua curiosa obsessão em transformar ideias em formas, desconstruí-las e depois moldá-las à sua semelhança.

O “ Espace Dalí” fica num bairro que, nos nos idos de 1900, em meio à revolução cubista, era o "QG" de ateliês de artistas, como o "fantasmagórico catalão" - proclamado mais tarde Imperador de Montmartre.

Um passeio cultural a se fazer depois de bater pernas pelas ladeiras da parte oeste do 18º arrondissement de Paris. Não deixe de visitar e revisitar a mente de Dalí em obras mais conhecidas, outras menos.

Espace Dalí Montmartre
11 rue Poulbot
f: 01 42 64 40 10
adultos: 10  
até 26 anos: 6 
menores de 8 anos: gratuito
metrôs próximos: Abesses, Anvers
"Le profil du temps"
Sexy, a maneira como o piano se sustenta
Falsa passagem em profundidade, no Espaço Dalí
Esculturas com referências mitológicas e literárias de Dalí
"Le pouce"
"L'escargot et l'ange"
L'éléphant spatial
Roméo et Juliette: série de gravuras

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Vacances

Fui descansar e buscar conteúdo na vendinha. Volto logo!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Chez Louisette

Numa busca rápida, digitei no Google o nome de uma das "últimas guinguettes em Paris" e, em várias línguas, encontramos comentários  como: "péssimo" "comida ruim" "onde já se viu, consumir e pagar pra usar o banheiro" "absurdo! passar o chapéu depois de cantar" etc etc etc...Mas, perae, vamos voltar o filme um pouquinho.

Paris, final de julho de 2011

Contentes em rever grandes amigos, Mathieu e eu passeávamos com eles por Paris. De Montmartre caminhamos em direção ao "marché aux puces Saint Ouen" onde, em barraquinhas, estão à venda roupas de ocasião, tecidos indianos, bolsas "luis vitão".

Pouco empolgada com o “mercado de pulgas”, pensei:"Bom, agora que passamos pelas Praças da Sé e da República, podemos ir pra Calixto?". Em alguns minutos, chegamos à uma "galeria" aberta, uma das maiores feiras de antiguidades da França.

Depois de passarmos por todas as lojas, de talheres e objetos de prata, móveis antigos de madeira talhada, selos de colecionadores, cristais, taças, pensando ser o fim da balada,  decidimos entrar num restaurante pra “molhar o verbo”. 

Era lá, o Chez Louisette,  (Google, péssimo, comida, ruim, banheiro que paga...). Antes mesmo da primeira cerveja chegar à mesa, os 4 amigos, sorriam e reluziam, contagiados pelo clima das "guinguettes".

Lá estávamos, au hasard, numa das raras guinguettes de Paris. A garçonete oficial, uma senhora de uns 60 anos, gritava "GERARD, isso!""GERARD, aquilo!""GERARD, frites!" – comandou/gritou nosso pedido. As fritas chegaram em 2 minutos!

Pedimos Pelforth para todos, nos trouxeram escura, não loira, como pensamos. E sabe do que mais? Nem reclamos. Ruiva ou morena, tanto fazia. Aquilo estava maravilhoso. Divertidíssimo! O domingo, agradável, ensolarado. Lá dentro mais ainda. 

Brilhavam guirlandas vermelhas e douradas, ventiladores dependurados de cabeça para baixo, presos à barras de madeira com fita isolante. Mesas estavam repletas de mulheres acima dos 50, que gostavam de "picoler" (beber), portando discretas bolsas Prada. 

Minha amiga e eu pensamos, somos nós, logo mais. Tudo que gostaríamos de ser. De estar. Exatamente nosso bar sonhado. Pra hoje e sobretudo amanhã. Nosso cantora, que se tornaria nossa preferida, nos embalava, cantando um sucesso italiano em versão francesa.

Naquele coin familiar, deixamos 5 euros no chapéu. Poderíamos não ter pago 0.50 euros em duas no banheiro, se tivéssemos pedido a ficha no balcão. “Grinhotamos” pouco, mas bem. E o mais importante, saímos de lá, desejando voltar em breve.

Chez Louisette
130 Avenue Michelet
puces de Saint Ouen
tel: 01 40 12 10 14
Metrô Porte de Clignacourt
Aberto aos sábados, domingos e segunda-feira
Aceita somente dindim

Guinguettes

No início do século XIX, para se desetressar da cidade grande, os parisienses partiam às banlieues de Ile-de-France, às bordas do rio Sena ou Marne para sacudir o esqueleto e tomar "un verre" nas bucólicas guinguettes -  espécie de restaurante onde a prioridade não era comer, e sim se divertir!

Van Gogh pintou, Doisneau fotografou esse bares-bailes populares que, aos finais de semana, ficavam lotados. O intuito era, dançar, cantar e beber. No final do dia, de quebra, podia-se tomar um banho no rio  - mas a partir dos anos 60/70, esses banhos foram proibidos por causa das peniches (barcos de transportes que trafegam nos rios franceses). A partir daí, o declínio das guinguettes foi iminente.

A origem do nome "guinguette" é polêmica, uns atribuem a um tipo de bebida muito comum aos vinhedos da Ile-de-France da época, o "vin aigrelet",  muito consumido nessas festas, que era um vinho branco mais barato. Outros atribuem ao verbo "guinguer" (saltar, em português) que remete à dança (gigue em francês).

Seja como for, ainda nos idos do século XX, devido ao grande sucesso desses "bailes", foram criadas estações de trens (Gare Bastille) que embalavam sua amável clientela até o destino da festa - mais tarde, as guinguettes se estenderam à outras periferias como Beleville, Montrouge, Bercy. Bois de Boulogne e Vincennes.

A propósito, essas festas contagiantes, a "la bonne franchette" (sem frescura, despojadas) - foram nomeadas de "guinguetes" por seu próprio público - os donos dos restaurantes não gostavam do termo.  Hoje, raras, podemos encontrar algumas delas nos arredores de Paris, com o mesmo espírito festivo da época, porém em cenários menos campestres.

No próximo post, imagens amadoras de uma das últimas guingettes que restou em Paris

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Soldes d'eté

Elas começaram. Ontem. Corra. Levante a saia. Peça carona à polícia.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Tartaríssimo


Se você é vegetariano, SVP, aguarde até o próximo post. A imagem do dia é forte, mas deliciosa pra quem gosta de carne, e crua. Vivo sem, mas adoro um tartar.

A receita é da queridinha Julie Andrieu, inteligente, apresentadora de TV do Côté Cuisine, bonita, magra, mãos lindas, ótima cozinheira.

Sempre entrevista chefs renomados que não fazem "menus" para as garotas ficarem em forma.

Mas ela gosta de cozinha "ligeira", sofisticada e pouco calórica, por isso aluguei seu DVD light gastronômico.

Fiz seu Tartarísimo, moí a carne em casa (Luna e Mathieu moeram) e MIAM. Comi tudo!... Mas perae, perdi a receita, daqui a pouco "posto" ela!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

La lesbienne invisible


Ela é talentosa. Ela é simpática. E gay. Ela está em cartaz com o espetáculo   "La lesbienne invisible" - solo feito de esquetes baseados no cotidiano de alguém que não trafega no senso da maioria.

Seu nome artistístico é Oceanorosemarie. Inicilamente Rose Marie. A atriz, que assumiu aos 30 sua homosexualidade, vive aventuras escabrosas desde a infância que "denotavam" sua homosexualidade.

Como ser apaixonada pela sua Barbie, a ponto de derretê-la num forno microondas... Sessão de brozeamento, talvez. Talvez?

Lésbica invisível é aquela mulher que ninguém imagina que é - pelo simples fato de não ter o estereótipo masculino, cabelo cortado, um jeito menos feminino de ser.

Com cenas hilárias e graciosas, a protagonista conta suas desventuras, a insistência de amigos hts em lhe apresentar à amigas hms; sobre a efemeridade e a intensidade das paixões gays.

O espetáculo está em cartaz no Theatre du Gymnase em Paris, e porta um ar bem intimista, delicioso de assistir, visto que a sala comporta 30 pessoas. Imperdível!

LA LESBIENNE INVISIBLE
THEATRE DU GYMNASE (STUDIO)
Un spectacle drôle, émouvant et plein d’énergie !
Actuellement à l’affiche
Tarifs :
18 € au lieu de 24 € (Placement libre)

Les vendredis et samedis, tarif public.

+ frais de réservation : 2.8 €

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Barbie. Et Ken, 50 anos


Desde criança, Claude Brabant faz roupas para suas bonecas (além de penteados maravilhosos em suas Barbies) e, para comemorar os 50 anos do Ken, bolou uma exposição glamorosa no Musée de la Poupée Paris.

A exposição reverencia célebres personagens da história, não somente da francesa. Josefina e Bonaparte. Luís XV e Luís XVI. Romeu e Julieta. Maria Lesczynska. Rainha Elizabeth. A moda dos anos 30 aos 50.

Seu livro está à venda (33 euros) e as tardes de autógrafo acontecerão nos dias 17 de junho e 8 de setembro no Musée de la Poupée Paris. A exposição, intitulada "Jouent le stars de tout les temps" vai até 18 de setembro.

Vestidinho anos 50
Casal 2010
Josefina Bonaparte
Penteado da duquesa de Langeais

sábado, 7 de maio de 2011

Trabalhar Cansa em Cannes

A atriz Gilda Nomacce em momento descontraído no set de filmagem

Tudo começa a girar em torno do 64º Festival de Cannes a ser realizado de 11 a 22 de maio de 2011. Almodóvar tem seu filme inserido de última hora, Robert de Niro irá presidir o júri, e os franceses têm expectativas de encontrarem na pós-journée uma soirée brésilienne.

Quem trabalha na ou com a indústria cinematográfica francesa porta enorme simpatia aos artistas brasileiros que, entre outros filmes, estará representado em Cannes por "Trabalhar Cansa", primeiro longa de Juliana Rojas e Marco Dutra.

Presente na Mostra Un certain regard (Um Certo Olhar), o filme competirá pelos prêmios desta mostra e pelo Caméra d'Or (diretores estreantes de longas). Em "Trabalhar Cansa" Gilda é Gilda e Helena é Helena.

A protagonista Helena, encenada por Helena Albergaria, está prestes a deixar de ser dona-de-casa para ser patroa num mercado, e Gilda Nomacce encarna Gilda, sua funcionária. Mas a história não para por aí. Está apenas começando...

Seja bem vinda à França toda a equipe de "Trabalhar Cansa"!

À esquerda a atriz Helena Albergaria e à direita a atriz Gilda Nomacce

domingo, 1 de maio de 2011

Mesmo rosto. A diferença? O tempo.

Um passeio pelo interior da França. Uma exposição num vilarejo com menos de mil habitantes. Uma  artista "amadora". Uma tela. Dois rostos. A mesma pessoa.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Brocante em Marcoussis


Hoje estamos nos sentindo de férias na França, em nossa própria cidade. Sem estressar com o trânsito, o vento fresco e um sol morno nos embala pelas barracas de um dos maiores "brocantes" da França.


Luna encontra amiguinho por todo lado, um dia antes de voltar às aulas. Mathieu procura acessórios vintage, e compra uma "luge" de 1940, para deslizarmos na próxima nevada.


Sainha ao vento, arrasto minhas Havaianas totalmente descontraída. Minha única "preocupação"é a de observar tudo que vejo sem julgar. Deixar a vida correr.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A viagem imaginária de Hugo Pratt


Vamos lá? Até 23 de agosto, hein?! Na Pinacothèque de Paris. Conto tudo depois.

Uma receita aérea

Fotos: Viviane FUENTES
Fotos de lugar-comum: experimentalismo.
Uma pitada de arte.
Um fio de arrogância. 
Alguns gramas de grafite nos telhados da França.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Passages parisiens

fotos: viviane FUENTES

Quem diria que em 1780 Paris já tinha trânsito carregado?! Algumas carruagens, cavalos, poucas calçadas, ruas não asfaltadas, vias de acessos complicados e um odor um pouco desagradável.

Como as mademoiselles poderiam olhar às vitrines das lojas sem serem incomodadas por um trotar desvairado ou sem sujar de terra a barra de seus longos vestidos? De maneira elegante seriam galanteadas?

A resposta veio com a construção das passagens parisienses, passagens cobertas de charme, com tetos transparentes que proporcionam uma iluminacão muito especial que se deu no século XIX.

Antes havia mais de centenas, hoje há somente umas 20 "passages parisiens" em Paris, onde elas apareceram pela primeira vez, e depois foram "replicadas" em outras outras cidades europeias, como Milão.

Em seus corredores, há de tudo. Desde a alta-costura vintage à lojas que confeccionam roupas chiques e despojadas, caras mas possíveis, muito mais interessante do que vemos em editorias de modas.

Museum de Grévin, restaurantes famosos, pastisseries, livrarias com livros raros, outras de HQs, casas de chás... Bref, dá para passar a tarde entre a Galerie Vivienne (1974), Panoramas (1789) e outras sem se entediar.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Paris tatuada

Fotos: Viviane FUENTES

Fiz uma tatoo, a pele está inchada.
Tatuagem auto-relevo. Diagramada.
Numa porta parisiense católica. Amém!

Paris surrealista

Fotos: Viviane FUENTES
 Fecha.
Abre.
 Aproxima mais um pouco,
 e distancia.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Paris dadaísta

Fotos: Viviane FUENTES




Às compras

Na França, estou mais pra vegetariana do que pra ovípara. Mathieu como sempre, carnívoro. Ufa, sorte! Imagina me trocar por um pé de alface. Não, não, ele não é canibal. Nem apressado que come cru.


Bref, em terras de antigos domínios napoleonicos, compra-se carne de carriola, não por quilo. E ontem fui às compras, um bom filé pro meu marido. Pra mim, uma saladinha. Bonne apetite!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Clemência para Victoria Abril


Na segunda-feira retrasada estreou no canal TF1 Clem , telefilme francês, que conta a epopeia de uma adolescente de 16 anos que engravida e, que terá que aprender a ser mãe, ao mesmo tempo em que se prepara para o vestibular.

Pra quem gosta da temática juvenil, é uma deliciosa fábula moderna, bem "rosa" e floreada, mas não cai num lugar-tão-comum assim. Esse tema foi pouco abordado na TV, a não ser no cinema, em Juno, com a adorável atriz Ellen Page.

No elenco, Victoria Abril, que está ótima. Notamos algo diferente em seu rosto, talvez uma plástica, um botox, porém sem grandes perversões almodovarianas, ela atua com o mesmo carisma em que fez os filmes do cineasta que a lançou.

Há muitos anos, a atriz mora em Paris. Seu "acento" espanhol na língua francesa é uma delícia. Bronzeada, com silhueta de pernas e braços bem definida, ela vive uma mãe espanhola que irá apoiar a maternidade de sua filha custe o que custar.

A história principal é a de Clem (Lucie Lucas), mas existe dois outros eixos tão importantes quanto, os dos pais envolvidos, que seguem o molde de famílía burguesa parisiense que vive na "banlieue", em casas pra lá de charmosas.

Tudo no telefilme é up, colorido. O figurino, o cenário. Paris é um personagem coadjuvante, charmoso, que atua em plena primavera. Dirigido por Joyce Buñuel, nora de Luis Buñuel, fica aqui a sugestão, pra quem está pras bandas de cá.

Abaixo, o teaser de Clem, com Lucie Lucas e Victoria Abril:

quarta-feira, 30 de março de 2011

Fukushima, haikai sem samba

Não sei o que escrever. Os últimos acontecimentos do mês de maio de 2011 me abateram completamente. Perdi a vontade, qualquer que fosse ela. Não carrego nenhum parecer, nenhuma conclusão. Estou de cabeça pra baixo e às avessas.

Por isso minha ausência no blog. Fukushima, um haikai sem o menor samba. Meu "minuto" de silêncio é expontâneo, não instantâneo. Dou um trago desse café radiotiavo, é amargo demais. Jogo mais um torrão de açúcar.

Ele se dissolve na tragédia e vira breu, vazio sem deriva. Afinal nascemos de um tiro, de uma explosão no Universo, não? Seres mutantes virão. Mas sem a graciosidade de Rita Lee. Desculpe-me o termo, fo-de-mos o planeta.

Irreversível? ....Outro grande silêncio, sem reposta ainda.

Escreverei o próximo post sobre um telefilme francês, que nada tem a ver com isso. E seguir. Afinal adoro Victoria Abril mesmo que Almodóvar esteja de cabelo em pé com as escolhas dela.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Fôret de Dourdan

Dourdan é o fim da linha do trem, literalmente. De uma das linhas de vários deles. Aqui "usa-se" trem pra tudo. Preferimos as bikes.
Dourdan é cidade simpática, tem um castelo pra visitar no centro histórico e, lá, tem também uma boulangerie onde a  fila de dobra a esquina, só pra comprar pão.
Dourdan tem uma floresta, e lá fomos nós enfiar o pedal na lama, eu enfiei, Mathieu manteve os pés nele, e as rodas na lama, debaixo de folhas úmidas.

Pedalamos uns 10 km, não suamos, e tomamos um banho de cogumelos. Luna quis descer da tandem pra correr feito cabrita e pescar com gravetos nas poças d'àgua. 
Lá dentro, o vento gelado se esquivou de nós e, num repente, o seu som nos trouxe de volta. Chegamos soprados à Marcoussis, deliciosamente embalados.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Saint-Valentin e 3 lindas garrafinhas...de champanhe!


Nem o Rodolfo Valentino,  ator italiano, que personificou nos anos 20 o profile "latin lover", fez tal galanteio como Mathieu fez hoje para mim, no dia de Saint-Valentin! ... Ele que é indiferente à datas!


Antes de partir em viagem... Surpresa!  Quem me paquerava, além do meu marido? Três 3 babies-champanhe, fofas, lindas, quase rococós, bordadas com corações e mensagens muito pessoais.



Em uma das garrafinhas, a mensagem clássica e, na outra, uma de tirar a roupa: Veep Gostosa. Ah vou! Vou esperar Mathieu voltar para estourá-las! Champanhe não combina com solidão, está mais mais para orgias e ménages a trois.

Te amo gatinho, merci beaucoup!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Você acha a Educação cara? Tente a ignorância!

Ao chegar 7h30 à porta da escola de Luna, havia um cartaz que informava que a professora dela não poderia dar aula naquele dia, portanto e por isso, os pais deveriam "guardar" seus filhos em casa. Não havia professora substituta. A filha da professora da minha filha, que é amiga dela, ficou doente.

Voltei pra casa. Não fui ao meu curso/estágio de período integral, mas pedirei à escola um atestado sobre o acontecimento para justificar minha falta, depois, é claro, de ligar ao MEU professor e comunicar o motivo de minha ausência nesta terça-feira que volta a ficar sombria, de céu nublado.

Enquanto Luna faz a siesta, leio as palavras do Prefeito, que eu sou fã - no texto de introdução da folha de informações de Marcoussis ele faz a seguinte citação: "Se os senhores acham que a Educação custa caro, tentem a ignorância" (Abraham Lincoln). O texto tem sutil ironia.

Em 3 anos na França, mais de 40 mil vagas de ensino foram suprimidas e o declínio continua - constata o prefeito que se pergunta: "A educação tem o valor de uma mercadoria? Como julgar o desempenho dela? Como mensurar o humano? Decididamente, não é em Euros, como faz o Governo atual - conclui.

E, enfim, ele finaliza seu texto, propondo que a País poderia a seguir os modelos como o do Canadá ou o da Inglaterra, que deixaram de mensurar sua riqueza somente através do dinheiro. Mais uma vez, constato que sou fã do cara, mas envolta de tristeza.

As palavras do Prefeito de Marcoussis me tocaram profundamente. Eu não esperava ver essa situação, a negligência por parte de seus Governantes em relação à Educação, num país de Primeiro Mundo, nem mesmo em crise!

O inverno chega ao fim (espero!)


Tem luz. 8 da manhã não é mais 8 da noite! Depois de um longo inverno entre -5 graus e 5, os ursos saem da toca. É exatamente assim que me sinto, saindo de uma longa hibernação. Dois meses sem correr. Mais de 40 dias sem produzir algo, nem pedalar ou levar Luna no parque. Apenas comer, estudar, procurar emprego...

Mas ontem, à luz matinal, pude admirar o céu de Marcoussis. Começo até a refletir sobre temas banais. Às vezes, muito às vezes, o caos aéreo pode ser poesia. Havia um "afresco" lindo acima da minha cabeça. Os traços poéticos (que vi lá no céu) eram os "trilhos" dos aviões que saem e chegam de todas as direções nessa região.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Est-ce que ce bus, il va jusqu'a Marcoussis?

Ao terminar a aula de francês numa cidade vizinha à minha, pegaria duas conduções para chegar à Marcoussis. Lá fui. Ao descer do primeiro, vi  o 2º ônibus que, acreditava ser o correto, já estava de saída.

Corri apressada e fiz o sinal com a mão pra parar. O motorista abriu a porta. Para me assegurar que, de fato, chegaria em casa, perguntei (em francês), com um sorriso simpático, inato às brasileiras:

- Ele vai até Marcoussis?

Não entendi a resposta. Ouvi um som que não era Oui nem No. Refiz a pergunta:

- Esse ônibus passa em Marcoussis?

O motorista, com sotaque, negro, provavelmente africano, disse a mesma coisa, uma "resposta" que não era esperada. Permaneci alguns milésimos de segundos tentanto decifrá-la. Ele repetiu e, finalmente, ouvi:

- Bon soir.

- Ah... Bon soir. Est-ce que ce bus, il va jusqu'a Marcoussis?

Cheguei em casa sã e salva, e um pouco mais educada.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

José Garcia - Le comédien

Existem atores que têm rosto comum, diria oridinário, corriqueiro, mas quando se travestem de mulheres ficam muito melhores, graciosos, há algo natural onde o "tom" feminino lhes caem muito bem.

Uma vez, notei esse dom no ator Marco Luque (atual CQC) em Terças Insanas, quando ele fazia o sketch de uma empregada - a contribuição artística de Cabral, o maquiador e caracterizador oficial do Terças, também foi decisiva.

Aqui na França me dá um enorme prazer assistir ao ator José Garcia, filho de espanhóis, nascido em Paris, em 1966. Ele é simplesmente adorável como mulher. Mesmo com os aparentes e grotescos pelos do peito saltando do decote.

No cinema, Garcia fez mais de 50 filmes, mas se consagrou na TV com o programa Nulle Part Ailleurs, do Canal + (1987 a 2001), com seu amigo e ator Antoine de Caunes (moço nascido em berço de ouro da TV francesa). 

Foram mais de 7 anos, interpretando e farreando sketches criados por De Caunes. Ou simplesmente improvisando de sopetão. Toda noite, o ator tinha 2 horas, enquanto o maquiavam e o vestiam, para preparar o personagem da noite.

Nulle Part Ailleurs recebia convidados notórios, tinha auditório e era apresentado por Philippe Gildas, um senhor de ar sério que se desmontava em risos quando a dupla entrava em ação (De Caunes e Garcia).

Voilà. Minha declaração de amor à (s) mulher (es) do ator José Garcia que encarnou (e ainda encarna, ele está vivinho, atuando e muito bem pago) personagens notórios e  hilários como Cindy Tropforte, Bérenice Sale e outras.

Os vídeos abaixo são do extinto programa Nulle Part Ailleurs: (* se você não entender bem o francês, não importa, assista assim mesmo, as expressões de Garcia dizem tudo e algo mais)

Cindy Tropforte - Neste vídeo, Garcia, ao lado de De Caunes, tira risos apenas com caras e boca (e pinta) da imagem que tem de Cindy Crawford. 



Bérenice Sale - Ao lado de De Caunes, Garcia imita Béatrice Dalle. Um dos convidados do programa é o ator Jean-Hughes Anglade, parceiro de Dalle em Betty Blue.


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Unnhanhanhetesisissoplês

Depois de muitos dias de neve, outros de férias com a família, fiz algum tipo de esporte, além de lançar carboidrato e açúcares no organismo. Pedalei. A 2 graus, o friozinho ajudaria a queimar gordurinhas.

De casa ao supermercado. Do supermercado à boulangerie.  Mas antes de comprar o pão, preparei em minha mente, um verdadeiro sotaque parisiense para une baguete, s'il vous plaît.

Desci da bicicleta, senti minhas coxas adormecerem. Entrei na boulangerie. Infelizmente não houve tempo de perceber que, pelo frio, meus lábios também estavam adormecidos:

- Unnhanhanhetesisissoplês - deslizou na língua o som fanho, o que deveria ser simplesmente une baguete, s'il vous plaît.

Voilá. 2º dia do ano. Sem impressionar ninguém. Voltei a pedalar muda. Me sentindo apenas uma caipira e estrangeira na banlieue parisiense, à procura de um emprego que não de intérprete.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2011 - Um conto invisível, mas sonoro

Estava aqui pensando em escrever um conto de natal, um micro conto pra desejar ótimas festas de fim de ano aos amigos e à família.
Daí surgiu um conto invisível.
Aos sons dos tchins, de taças de vidro e de cristal (que ecoavam um pouquinho mais), burburinhos e muitas risadas. Gargalhadas.
Apesar de invisível, o conto era sonoro.
Por telepatia, ouvia-se segredos velados, e eles eram uníssonos. Calor, apertos. Divertidas onomatopeias, um bum bum bum forte dentro de cada um.
Nele, senti o 2011 chegar como a explosão do ensaio da bateria de uma escola de samba.
Alguém gritou: Um ano novo de puta madre pra todos nós! Daí estralos beijos-abraços. 
Uma rolha estourou com bastante pressão e, nesse momento, o áudio é o silêncio, desejos mudos se idealizaram. O meu...
Que as bolhas, que flutuam com persistência de um bom champanhe, submirjam o desejo de cada um de vocês em realidade!
Viviane Fuentes

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Professora "Super-heroína"

Na sala de aula, a professora utilizou a própria vida como exemplo para demonstrar maneiras corretas e usuais de se apresentar a alguém, um empregador ou um de nós, alunos.

Fazia esgrima uma vez por semana (participou até de campeonatos), corria duas vezes por semana e às quartas-feiras jogava tênis com os amigos... Ainda bem que parou por aí, estava ficando sem fôlego.

Ao final da apresentação ultra esportiva, duas das quatro alunas africanas que fazem o curso comigo (uma tem 5 filhos a outra, 6) conversaram e concluíram entre elas, com um sotaque bem pontuado no francês:

- Como ela (a professora) consegue?
- Mas não, ela já disse que não tem filhos, e não é casada.
- Ah...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Viúva Fresca


Mathieu foi pra Irlanda a trabalho e me deixou sozinha com essa garrafa. Sabia que não ia "prestar".  Domingo passado, ela saiu sozinha do ármario e foi se refrescar no parapeito da janela, disse que a neve a deixava mais gostosa e irresistível... Mas que viúva fresca!

No desktop, a vidente e a secretária


Nesse país a previsão do tempo funciona. Adoro quando chove (no outono, por exemplo), chove das 7 da noite às 6 da manhã, grosso modo, fora do horário de trabalho. Mas ninguém na Europa esperava o inverno que aterrisou.

Há 1 século ela não registrava picos de frio como os que veem ocorrendo, e essa neve de personalidade tão imperativa. Daí, o caos. Estradas fecham, ônibus deixam de circular, trens ralentam suas velocidades (de 20 minutos a 1 hora).

Vezes, ficamos ilhados, sem ter pra onde ir. Dá medo. O carro está na porta, não uso, mesmo sendo 4X4, mais seguro nessas ocasiões, não é meu, não tenho a cultura de dirigir na neve, portanto me virei como podia esses dias com a Luna.

Ontem, Luna e eu nos divertimos na neve, não vi ninguém fazendo o mesmo. Aeroportos dia sim dia não fecham. Mathieu está pra chegar, minha mãe está pra chegar, meus sogros com a Luna estão pra chegar. Papai Noel também.

Tenho uma vidente e secretária. O desktop do meu Mac. Mathieu instalou uma ferramenta que me permite ver os horários das cidades onde tenho família e a previsão de tempo da semana inteira, basta encostar o cursor na barra lateral.

Segundo minha vidente e secretária trílingue é de que nos próximos dias dará frio com sol, sem neve. E que toda a família que previu estar aqui, estarea, no quentinho do aquecedor, trocando presentes, batendo papo, brindando, se divertindo. Que assim seja!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Presentes caem do céu?


Como em todo lugar, à noite começa a ficar mais iluminada, muito mais, e a conter desenhos com temas natalinos: Noel, trenó, renas, animais, árvores, algumas poucas ousadias. Ao passear pelo Boulevard Haussmann em Paris, os burbúrios mais ouvidos são os da língua portuguesa com sotoque brasileiro.

Negras de tanta gente estão as lojas de departamentos de grife, como a Gallery Lafayette e Printemps que, apesar de donos diferentes, têm o mesmo vitrinista para o Natal. Do teto luxuoso dessa Lafayette, "caem" caixas enormes de presente, mas não são de graça, mesmo aos que se comportaram durante o ano.

Ao contrário do Shopping Iguatemi em São Paulo, as grifes mais caras começam pelo térreo. Ao subir, decrescem os valores da Gallery. Preços acessíveis apenas aos deuses do Olimpo e suas moedas imaginárias. Negras de tanta gente. Nos caixas, filas enormes. Para embalagem de presente, idem.

Escolhemos o presente da Luna, uma cozinha de madeira em tamanho real (pra 4 anos). Está na moda brinquedos de madeira. É ecológico. Mas não comprei a bolsa mais simples da Chanel, ao meu ver, a coleção de luxo menos careta de todas as marcas - será que Noel da próxima encarnação me dará?

Ao sair da Laffayette, franceses xingam. O trânsito é infernal. A imensa quantidade de turistas demora uns 20 minutos pra atravessar à rua, na raça, os carros avançam. Um ciclista parisiense à cárater "atropela" propositalmente uma pedestre no sinal verde a ele. Se enrubesce, estava errada.

Donos de Masserattis, com cicatrizes italianas, levam multa por pararem em lugares inapropriados. Policiais de trânsito pedem a alguns motoristas que não avancem o carro, sem surtir efeito. Ninguém consegue vaga para estacionar sem rodar menos de uma hora. Estacionamentos pagos têm raras vagas.

Esse é o início das compras de um feliz e caótico natal no centro de uma das cidades mais visitadas no mundo. Jingle Bells!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Bonne Fête Viviane: A Gafe

Recebi um e-mail no celular da minha nova amiga marcoussissienne. Nele, o título "Bonne fête Viviane". Li a mensagem enquanto dirigia e logo teclei "Bonne fête a vous aussi" (Boa festas pra vocês, à ela e sua família, também). E enviei.

Depois me perguntei: Que festa? Hoje é aniversário da cidade? Algum feriado que não conheço? Concluí que desde o início de dezembro os franceses deviam desejar "Boas Festas" aos amigos.

À noite, ainda encacufada, tentei descobrir que festa era, e Mathieu, apesar de não saber também, levantou uma boa questão e desvendou mistério: "Está escrito "boa festa" ou "boas festas"? Era singular, não plural como deduzi, e não li.

Dia 3 de dezembro comemora-se a Festa da Santa Viviane. No imediatismo internético, com o teclado do celular à mão, erroneamente, desejei Boa Festa de Viviane, a João, Maria e José, a quem não era Viviane.

No seu aniversário, desejar feliz aniversário ao seu convidado? Putz, que gafe!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ça tombe la neige


Ontem nevou aqui. Nevou MUITO. De manhã, ela foi anunciada: de 3 a 7 cm de neve em "Ile-de-France". Depois do meio-dia, a realidade chegou à 11 cm! Maior recorde ocorrido na França desde 1987.

Enquanto isso, no Sul do País, Marselha ou Toulose, uns 16 graus. Turistas e locais desfrutavam suas bebidas nas terraças dos cafés ouvindo notícias no rádio ou na TV, se aquecendo com fachos de sol, sem a menor sombra dela.

Mas, antes que a manhã terminasse, o Ministro do Interior disse “não haver desordem”. Algumas horas depois, engarrafamentos de mais de 367 km. Autoestradas interditadas. Motoristas que rodavam 1 km em 2 horas, ou 4 em 6.

À noite, moradores próximos às estradas bloqueadas, solidários, levavam café aos motoristas. Loja de móveis, escolas, shoppings se transformaram em albergues. Muitos abandonaram seus carros e pernoitaram onde puderam.

Atravessar a região parisiense, de carro, moto, avião, se tornou um pesadelo durante a eternidade para muitos. Felizmente, não para Luna que não tem aulas às quartas nem para mim que também não tenho curso de francês nesse dia.

Curso que me toma quase toda a semana, mas essa manhã, não há ônibus, por isso posso me ocupar deste post...Mas muita gente ainda está "sequestrada" pelo caos e pelo perigo que o excesso de neve causou.

Felizmente durante toda essa loucura, ontem, Luna e eu brincávamos sob e sobre forte neve, fazendo micro-homens-de-neve enquanto o céu acinzentado de esfarelava em flocos de poesia.

Obs: Uso aqui 2 fotos extraídas do acontecimento de 8 de dezembro de 2010 do jornal Le Monde - os autores são Smail Yasar (estacionamento da banlieue parisiense) e de Natacha Legre (placa em Paris).