terça-feira, 31 de agosto de 2010

Visa Long Sejour et L' OFII

Tirei o Visa Long Sejour pra vir pra cá, mesmo com um dossiê no Consulado Francês para obter nacionalidade francesa, não era (ainda não sou) cidadã francesa. Não paguei taxa no Brasil, a única exigência era de que, ao chegar na França, enviasse alguns documentos para o *OFII (*Office Français de l’ Immigration et de l’Integration).

Dizer "olá, cheguei". Assim, esse orgão do Governo marcaria uma entrevista para avaliar meu francês, minha saúde e intenções para com o país. Um mês após o meu "salut", fui convocada a comparecer lá, munida de documentos + 300 euros! Isso sim, não estava escrito no papel que o Consulado Francês havia me dado.

Por quê? Porque quando chega-se à França, o Governo aplica a taxa que ele definir, o Brasil, mesmo o Consulado Francês em SP, não tem como saber valores e taxas. A cada 1 ano, se o imigrante tiver a autorização e permanecer no país, paga novamente essa taxa. A partir de algumas obrigações a cumprir, ele tem direito a trabalhar, a conduzir carro, a ter acesso ao sistema de saúde etc.

Por esse valor "módico" existem benefícios, fazer os exames médicos, avaliação da sua língua francesa, (se ela não é suficiente, há curso básico). Fui dispensada. Ufa. Participei de uma palestra de Formação Cívica. Uma jornada inteira, com almoço pago. Obtive orientação de carreira, um profissional avaliou-me através do CV, em entrevista.

O OFII existe desde o início de 2009, é recente. Muito francês nem sabe da existência dele. E não tem como escapar, o imigrante que quer ficar por aqui e legal tem que desembolsar os 300 euros. Existem serviços prestados a usufruir.

O que é, o que é?

Menos de 1 km, sem trânsito, tudo plano. Não perde calorias, mas não é pra emagrecer. Não enfarta fazê-lo, raramente, acidentes da natureza. Ar puro e sem buzina. Vento gelado, céu azul, tímidos raios de sol. Um pouco de asfalto e depois começa a menor trilha do mundo, cheia de mato, cheiro de orvalho.

É como atravessar um Ibirapuera. De um lado nossa casa, do outro, o destino. O que é? O trajeto da escola da Luna, o "levar-pedalar". De bike, ao fazer isso às manhãs, massa fria e fina no ar, esqueço os problemas, ao som das canções que Luna canta, improvisa, afina e desafina na garupa. Adoro.

Mesmo com a bicicleta um pouco alta e desconfortável para mim,  a pequena curte. Se mexe um pouco, me desequilibra... Uma aventura tal trajeto tão corriqueiro. Nesse instante, a única coisa que me vem à mente é  "Paz e Amor". Meio "Freak Brothers", sim, bem freak brothers, mas nesse contexto.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

L'émotion se partage instantanément en ligne

Passei pelo blog de Cédric MOTTE, consultor francês de mídia online, marca e estratégia, e lá estava o post "A emoção se divide instantaneamente em rede" e o vídeo, que posto abaixo.

4 amigos dividem o momento em que a Miss preferida deles é classificada. Depois de momentos "loucos e histéricos", pegam celulares e laptops e dividem a emoção nas redes sociais em que estão. 

Hilário e pertinente à  atual realidade.  Não há como negar a força do terceiro mundo em nossa vida. E, aliás, leia os "discursos" sobre redes sociais de Cédric Motte em seu blog, o cara é super concatenado.  

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

E lá vem elas, as peras

Na paisagem não há mais pinceladas vermelhas, pequenas e redondas.

Onde estão pingos carmim entre folhas verdes e delicados galhos?

Se resguardaram, as cerejas, até outra estação, outro verão.

É a vez das peras. E elas caem, verde-maduras. Final do verão, aos montes.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Você viu, papai?

Luna foi ao shopping com o pai. Na loja de bicicletas, ganhou um carrinho de brinquedos para "fazer" compras. Enquanto o vendedor atendia o pai, ela colocou o inseperável coelhinho de pelúcia no carrinho, 2 ou 3 outros artigos.

Saiu da loja. Atravessou corredores. E seguiu. Poucos minutos depois, Mathieu se pergunta "cadê a Luna". Vendedor e cliente procuram por toda a loja. Ela não está lá. Saem correndo pelo shopping. Olham dentro das lojas. Não a veem.

Por sorte o centro comercial não é muito grande. Vão até o estacionamento. Luna está lá fazendo seu passeio. O vendedor e o Mathieu suspiram aliviados. O pai está bravo, muito bravo. Quando chega até a Luna, ela sorri e, com orgulho, lhe diz:

- Viu, papai, como eu fui longe?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Au revoir U

Sonhei que a letra U entrava toda coquette, com seus próprios pés em em meu ouvido. Contente, com sua boina pra lá de francesa caricatural, vestia uma sunga com as cores verde e amarela.

Dentro de meu ouvido, ela pode visitar São Paulo, Rio de Janeiro e Amazônia. Flashs rápidos de cartões postais, com os símbolos do Corcovado, Prédio do Banespa, e de tribos indígenas.

Ao ouvir o som exótico do atabaque, mil em um, mântricos, começou a ficar tonta e a marchar como caranguejo. Seu sorriso coquin do início desapareceu. Mal a reconhecíamos.

Teve um surto. Tudo ficou negro. Silêncio. Silêncio. Som de remo, deslizando a água. E lá estava a letra U, partindo de meu ouvido, um pouco confusa, numa gôndola italiana.

Ao se ver chegando, numa péniche no Sena, próxima a Torre Eiffel, suspirou aliviada, e foi até a terraça de um bar, tomar café, acompanhado de chouquette.

Em alguns minutos chegaram seu amigos siameses "Eu" e assim passaram o resto da tarde: em plena harmonia, filosofando sobre a vida, contando sobre suas excêntricas viagens.

Moral da história: O "U" francês não tem som correspondente em português.

Versalhes por fora

Leia com atenção! 
As fotos abaixo contém legenda muda:






terça-feira, 17 de agosto de 2010

VersõesVersais

Fotos "by me" Veep.


Versalhes Engradado



Versalhes Bananeira
(de cabeça pra baixo)




Versalhes Lucy in The Sky



Versalhes Trancafiado



Versalhes Proibido Sentar



Versalhes Atalhos



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Versalhes está por fora! E por dentro.

Por dentro: Luís XIV impôs regras "muito rígidas" aos seus sucessores. Desde acordar às 6 e 1/2 para sectos fazerem a toalete deles, no quarto real, até retirarem-se das festas às 23h, no auge delas, e pra lá voltar! Será que XV e XVI seguiram à risca? Maria Antonieta, RP de Versalhes, tinha seu "quarto de empregada" separado, no castelo mais suntuoso da França, descansava lá, depois de curtir a vida numa boa, torrando o dinheiro da coroa, com baladas pra nenhum notívago botar defeito - até a torrarem na guilhotina, sem pães nem brioches.


Os salões de festas de Versalhes ainda cheiram a Dom Pérignon.

Por fora: Seus jardins são propícios a conspirações e às garçonières ao ar livre. Labiríntico e infinito. Ótima pedida para o passeio antes do chá da tarde, depois de rolar na relva. Por fora ou por dentro, é impossível negar a contribuição para o design (Boulle) e arquitetura e voluptuosidade que ali há, no castelo que é considerado a encarnação da arte clássica do século XVII.  O Château de Versailles vai muito além dessa parcial interpretação, aqui é apenas mais um olhar. 

sábado, 14 de agosto de 2010

Não é R$ 1,00 não


Suco de laranja. Delicioso. Pleno de vitamina  C e glamour  a 4 euros e 50 cents na Printemps Meson, em Paris: - Quero 2! Um pra Luna, o outro divido com Mathieu.

Ópera de Paris

Algumas coisas dispensam apresentações, como  o Ópera de Paris . À bientôt, conto mais.

Dançando a ópera


Você vai?



Eu vou.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A gata mais cara do mundo - Parte II

Pobre gata que não sabia o que se passaria nos próximos meses. Também não estava nem preocupada. Eu, uma pilha de nervos. Consciência e culpa. Dois dias antes de embarcar, coloquei o microchip e fiz o exame de sangue.

Mimi nem reclamou do dispositivo colocado em sua nuca, que não contava sua história conosco. Nem se mexeu quando enfiaram um agulha no meio de sua patinha para tirar o sangue.

Gatos são territoriais, mas se apegam tanto ao dono quanto a casa. Antes de nos mudarmos, rodamos de casa em casa, de amigos, em períodos curtos e ela se adaptou sem miar. Mas onde se hospedaria?

Tati ofereceu sua casa. Ali ela prosperou. Não pirou, não fugiu. Se apegou à família e aos cantinhos da casa. Quarentena finalizada. Que felicidade, minha apreensão deveria começar a esvair, mas não.

Ao tentar fazer reserva pela TAM, descobri que necessitaria de despachante aduaneiro. Não acreditei! Mas por acaso, uma amiga que mora em Paris, passaria as férias no Brasil, e a traria como "bagagem acompanhada".

Ao fazer a reserva, atrelada a passagem da amiga, a KLM informa que, pelo fato do voo ter conexão de menos de 2 horas, eu teria que pagar 500 euros a mais. 100 por adulto (minha amiga e o marido) e 75 pelas criancas (suas 2 filhas).

Fiquei muda. Deixei o vento me sugar, me absorver. Quis ser um átomo. Mimi, a cada dia que se passava, se transformava numa aristocrata de ouro. Algo intangível nos dias de hoje. E agora?

Fiquei sob o julgamento de alguns. Mas trazer a gata com a gente não era frescura, nem luxo. É o preço a pagar. Se adota um animal, você tem que adotar códigos morais também. Infelizmente para isso, tivemos que gastar uma pequena fortuna.

Ela nos custou 3 vezes mais do que um labrador comprado no Shopping Iguatemi, com pedigree. Já  havia permitido Bukowski, meu cão companheiro de 11 anos, partir para a Flórida que, aliás, curte sua aposentadoria numa boa, com o calor e a dedicação da avó.

Mimi era parte nossa, parte da família. Não tinha mais nada a fazer, senão pagar um despachante aduaneiro. Encontrei a Doc-Dog (não a grife) e a enxaqueca começou a diminuir.

Mas o saldo da conta bancária também. Taxas aqui, lá, acolá e, finalmente, Mimi chegou! Minha filha adora sua gata. Eu adoro vê-las juntos, brincando. Os olhos de Mathieu irão sorrir.

Mimi, a gata de rua mais cara do mundo, havia chegado à Paris. Sã e salva. Com passaporte carimbado. Mas fez pipi na caixa.  Há 2 dias se lava sem parar, lambe, lambe os pelos sem deixar vestígios.

PS: Se for trazer seu pet para a União Européia, não sou eu quem dará conselhos. Entre no site da Doc-Dog. Lá tem toda a informação sobre viagens internacionais de animais de estimação. O  Fernando foi rápido, profissinal, eficaz e Mimi chegou ótima !

domingo, 8 de agosto de 2010

A gata mais cara do mundo - Parte I

Um dia ela chegou em nosso pomar na Vila Romana. Miando. A convidei pra entrar, com muito medo e seis de vida, ela veio com patas trôpegas até a lavanderia. Dei leite, fiz carinho. Aceitou os dois.

Bukowski, o labrador, se aproximou, a cheirou, e saiu. Achou estranho aquele ratinho tolerante a lactose. Como Mathieu adorava gato (não eu) e sempre quis um felino achado, não comprado, tomei uma decisão.

Depois de horas de reflexão, decidi dar para ele de presente. Adorou, um olhar terno se abriu no rosto de Mathieu. Logo descobrimos que era fêmea, castramos, demos vacina e um nome: Baunilha.

Dormia com o cão. Passava parte do dia em casa, no pomar. De manhã, pegava o sol na nossa calçada. No final de tarde, na do vizinho. Era gentil, dócil, com uma personalidade canina: carinhosa, manhosa.

Comecei a adorar a gata, igual ao cão. Eu estava grávida de 3 meses, quando chegou. Luna nasceu, e a gata se tornou amiga, bichinho de pelúcia e irmazinha dela. Companheira de todos nós.

Em crises insanas de histeria, gritava que todos sempre me recorriam, cão, filha, marido, mas Mimi, Mimi, não, não dava nenhum trabalho. Era só colocar a comida, água sempre fresca e acrescentar carinho.

Dois dias antes de embarcar, descobri que faltava um documento para a gata se mudar conosco para a França. A União Européia exige que, animais de estimação, façam a sorologia de raiva.

Mimi teria que ficar em quarentena por 90 dias no país de origem. Chorei um dia inteiro, como podia não ter me informado sobre isso? E agora? O meu mundo havia caído, pelo menos o mundo felino.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Somos temperamentais, interruptores

Acende!


Apaga!


Acende apaga Nunca contente estamos Satisfeitos nem sempre Apaga acende

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Cadê o mar?


E depois de algum tempo de abstração, me perguntei:


Cadê o mar? Será que ele foi comprar cigarro e já volta?


 Claro que volta! - me disseram. Mas não foi comprar cigarro não!


  Ele demora o mesmo tempo dessa composição pra decompor a bituca? 

PS: Nas praias de Vannes (de onde fiz estas fotos), encontrei apenas 1 cigarro boiando na areia. A propósito, a maré por aqui baixa bastante, e só vai subir a noitão. E, a propósito, o mar pode demorar de 5 a 20 anos para digerir o cigarro.

O gentil pastor

Um cachorro de grande porte vinha em nossa direção. Ele era bonito, pelos bem escovados, brilhantes, andar elegante. Luna e eu ficamos magnetizadas e seu dono logo percebeu nosso olhar furtivo.

Trajado de branco, era como seu pet, alto, elegante. Ao nos cruzarmos, gentil, parou, fez o cão sentar-se e, utilizando certo verbo francês (que ao meu ouvido brasileiro tem apelo sensual), disse:

 - Vous pouvez CARESSER.

Caresser, algo como "acariciar", é muito usado referindo-se aos animais. 
Eu fiquei um pouco receosa, pois o rosto da Luna estava na altura da enorme boca do cão, e disse:

- ...No, il est grand, j' as peur. 

- Il est gentil - tranquilizou-me o dono que se parecia bastante com o ator Tim Robbins, sem a Susan Sarandon, tão charmoso quanto - ou o som de "caresser" fazia tudo mudar de figura.

Acariciamos o o cão que era e fato dócil e educado. Ao terminar, perguntei a raça de seu pastor alemão em francês. Berger alemmand. Contentes, agradecemos e seguimos o passeio. O de curtir o entardecer no porto de Vannes.