quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Est-ce que ce bus, il va jusqu'a Marcoussis?

Ao terminar a aula de francês numa cidade vizinha à minha, pegaria duas conduções para chegar à Marcoussis. Lá fui. Ao descer do primeiro, vi  o 2º ônibus que, acreditava ser o correto, já estava de saída.

Corri apressada e fiz o sinal com a mão pra parar. O motorista abriu a porta. Para me assegurar que, de fato, chegaria em casa, perguntei (em francês), com um sorriso simpático, inato às brasileiras:

- Ele vai até Marcoussis?

Não entendi a resposta. Ouvi um som que não era Oui nem No. Refiz a pergunta:

- Esse ônibus passa em Marcoussis?

O motorista, com sotaque, negro, provavelmente africano, disse a mesma coisa, uma "resposta" que não era esperada. Permaneci alguns milésimos de segundos tentanto decifrá-la. Ele repetiu e, finalmente, ouvi:

- Bon soir.

- Ah... Bon soir. Est-ce que ce bus, il va jusqu'a Marcoussis?

Cheguei em casa sã e salva, e um pouco mais educada.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

José Garcia - Le comédien

Existem atores que têm rosto comum, diria oridinário, corriqueiro, mas quando se travestem de mulheres ficam muito melhores, graciosos, há algo natural onde o "tom" feminino lhes caem muito bem.

Uma vez, notei esse dom no ator Marco Luque (atual CQC) em Terças Insanas, quando ele fazia o sketch de uma empregada - a contribuição artística de Cabral, o maquiador e caracterizador oficial do Terças, também foi decisiva.

Aqui na França me dá um enorme prazer assistir ao ator José Garcia, filho de espanhóis, nascido em Paris, em 1966. Ele é simplesmente adorável como mulher. Mesmo com os aparentes e grotescos pelos do peito saltando do decote.

No cinema, Garcia fez mais de 50 filmes, mas se consagrou na TV com o programa Nulle Part Ailleurs, do Canal + (1987 a 2001), com seu amigo e ator Antoine de Caunes (moço nascido em berço de ouro da TV francesa). 

Foram mais de 7 anos, interpretando e farreando sketches criados por De Caunes. Ou simplesmente improvisando de sopetão. Toda noite, o ator tinha 2 horas, enquanto o maquiavam e o vestiam, para preparar o personagem da noite.

Nulle Part Ailleurs recebia convidados notórios, tinha auditório e era apresentado por Philippe Gildas, um senhor de ar sério que se desmontava em risos quando a dupla entrava em ação (De Caunes e Garcia).

Voilà. Minha declaração de amor à (s) mulher (es) do ator José Garcia que encarnou (e ainda encarna, ele está vivinho, atuando e muito bem pago) personagens notórios e  hilários como Cindy Tropforte, Bérenice Sale e outras.

Os vídeos abaixo são do extinto programa Nulle Part Ailleurs: (* se você não entender bem o francês, não importa, assista assim mesmo, as expressões de Garcia dizem tudo e algo mais)

Cindy Tropforte - Neste vídeo, Garcia, ao lado de De Caunes, tira risos apenas com caras e boca (e pinta) da imagem que tem de Cindy Crawford. 



Bérenice Sale - Ao lado de De Caunes, Garcia imita Béatrice Dalle. Um dos convidados do programa é o ator Jean-Hughes Anglade, parceiro de Dalle em Betty Blue.


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Unnhanhanhetesisissoplês

Depois de muitos dias de neve, outros de férias com a família, fiz algum tipo de esporte, além de lançar carboidrato e açúcares no organismo. Pedalei. A 2 graus, o friozinho ajudaria a queimar gordurinhas.

De casa ao supermercado. Do supermercado à boulangerie.  Mas antes de comprar o pão, preparei em minha mente, um verdadeiro sotaque parisiense para une baguete, s'il vous plaît.

Desci da bicicleta, senti minhas coxas adormecerem. Entrei na boulangerie. Infelizmente não houve tempo de perceber que, pelo frio, meus lábios também estavam adormecidos:

- Unnhanhanhetesisissoplês - deslizou na língua o som fanho, o que deveria ser simplesmente une baguete, s'il vous plaît.

Voilá. 2º dia do ano. Sem impressionar ninguém. Voltei a pedalar muda. Me sentindo apenas uma caipira e estrangeira na banlieue parisiense, à procura de um emprego que não de intérprete.