quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Versalhes por fora

Leia com atenção! 
As fotos abaixo contém legenda muda:






terça-feira, 17 de agosto de 2010

VersõesVersais

Fotos "by me" Veep.


Versalhes Engradado



Versalhes Bananeira
(de cabeça pra baixo)




Versalhes Lucy in The Sky



Versalhes Trancafiado



Versalhes Proibido Sentar



Versalhes Atalhos



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Versalhes está por fora! E por dentro.

Por dentro: Luís XIV impôs regras "muito rígidas" aos seus sucessores. Desde acordar às 6 e 1/2 para sectos fazerem a toalete deles, no quarto real, até retirarem-se das festas às 23h, no auge delas, e pra lá voltar! Será que XV e XVI seguiram à risca? Maria Antonieta, RP de Versalhes, tinha seu "quarto de empregada" separado, no castelo mais suntuoso da França, descansava lá, depois de curtir a vida numa boa, torrando o dinheiro da coroa, com baladas pra nenhum notívago botar defeito - até a torrarem na guilhotina, sem pães nem brioches.


Os salões de festas de Versalhes ainda cheiram a Dom Pérignon.

Por fora: Seus jardins são propícios a conspirações e às garçonières ao ar livre. Labiríntico e infinito. Ótima pedida para o passeio antes do chá da tarde, depois de rolar na relva. Por fora ou por dentro, é impossível negar a contribuição para o design (Boulle) e arquitetura e voluptuosidade que ali há, no castelo que é considerado a encarnação da arte clássica do século XVII.  O Château de Versailles vai muito além dessa parcial interpretação, aqui é apenas mais um olhar. 

sábado, 14 de agosto de 2010

Não é R$ 1,00 não


Suco de laranja. Delicioso. Pleno de vitamina  C e glamour  a 4 euros e 50 cents na Printemps Meson, em Paris: - Quero 2! Um pra Luna, o outro divido com Mathieu.

Ópera de Paris

Algumas coisas dispensam apresentações, como  o Ópera de Paris . À bientôt, conto mais.

Dançando a ópera


Você vai?



Eu vou.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A gata mais cara do mundo - Parte II

Pobre gata que não sabia o que se passaria nos próximos meses. Também não estava nem preocupada. Eu, uma pilha de nervos. Consciência e culpa. Dois dias antes de embarcar, coloquei o microchip e fiz o exame de sangue.

Mimi nem reclamou do dispositivo colocado em sua nuca, que não contava sua história conosco. Nem se mexeu quando enfiaram um agulha no meio de sua patinha para tirar o sangue.

Gatos são territoriais, mas se apegam tanto ao dono quanto a casa. Antes de nos mudarmos, rodamos de casa em casa, de amigos, em períodos curtos e ela se adaptou sem miar. Mas onde se hospedaria?

Tati ofereceu sua casa. Ali ela prosperou. Não pirou, não fugiu. Se apegou à família e aos cantinhos da casa. Quarentena finalizada. Que felicidade, minha apreensão deveria começar a esvair, mas não.

Ao tentar fazer reserva pela TAM, descobri que necessitaria de despachante aduaneiro. Não acreditei! Mas por acaso, uma amiga que mora em Paris, passaria as férias no Brasil, e a traria como "bagagem acompanhada".

Ao fazer a reserva, atrelada a passagem da amiga, a KLM informa que, pelo fato do voo ter conexão de menos de 2 horas, eu teria que pagar 500 euros a mais. 100 por adulto (minha amiga e o marido) e 75 pelas criancas (suas 2 filhas).

Fiquei muda. Deixei o vento me sugar, me absorver. Quis ser um átomo. Mimi, a cada dia que se passava, se transformava numa aristocrata de ouro. Algo intangível nos dias de hoje. E agora?

Fiquei sob o julgamento de alguns. Mas trazer a gata com a gente não era frescura, nem luxo. É o preço a pagar. Se adota um animal, você tem que adotar códigos morais também. Infelizmente para isso, tivemos que gastar uma pequena fortuna.

Ela nos custou 3 vezes mais do que um labrador comprado no Shopping Iguatemi, com pedigree. Já  havia permitido Bukowski, meu cão companheiro de 11 anos, partir para a Flórida que, aliás, curte sua aposentadoria numa boa, com o calor e a dedicação da avó.

Mimi era parte nossa, parte da família. Não tinha mais nada a fazer, senão pagar um despachante aduaneiro. Encontrei a Doc-Dog (não a grife) e a enxaqueca começou a diminuir.

Mas o saldo da conta bancária também. Taxas aqui, lá, acolá e, finalmente, Mimi chegou! Minha filha adora sua gata. Eu adoro vê-las juntos, brincando. Os olhos de Mathieu irão sorrir.

Mimi, a gata de rua mais cara do mundo, havia chegado à Paris. Sã e salva. Com passaporte carimbado. Mas fez pipi na caixa.  Há 2 dias se lava sem parar, lambe, lambe os pelos sem deixar vestígios.

PS: Se for trazer seu pet para a União Européia, não sou eu quem dará conselhos. Entre no site da Doc-Dog. Lá tem toda a informação sobre viagens internacionais de animais de estimação. O  Fernando foi rápido, profissinal, eficaz e Mimi chegou ótima !

domingo, 8 de agosto de 2010

A gata mais cara do mundo - Parte I

Um dia ela chegou em nosso pomar na Vila Romana. Miando. A convidei pra entrar, com muito medo e seis de vida, ela veio com patas trôpegas até a lavanderia. Dei leite, fiz carinho. Aceitou os dois.

Bukowski, o labrador, se aproximou, a cheirou, e saiu. Achou estranho aquele ratinho tolerante a lactose. Como Mathieu adorava gato (não eu) e sempre quis um felino achado, não comprado, tomei uma decisão.

Depois de horas de reflexão, decidi dar para ele de presente. Adorou, um olhar terno se abriu no rosto de Mathieu. Logo descobrimos que era fêmea, castramos, demos vacina e um nome: Baunilha.

Dormia com o cão. Passava parte do dia em casa, no pomar. De manhã, pegava o sol na nossa calçada. No final de tarde, na do vizinho. Era gentil, dócil, com uma personalidade canina: carinhosa, manhosa.

Comecei a adorar a gata, igual ao cão. Eu estava grávida de 3 meses, quando chegou. Luna nasceu, e a gata se tornou amiga, bichinho de pelúcia e irmazinha dela. Companheira de todos nós.

Em crises insanas de histeria, gritava que todos sempre me recorriam, cão, filha, marido, mas Mimi, Mimi, não, não dava nenhum trabalho. Era só colocar a comida, água sempre fresca e acrescentar carinho.

Dois dias antes de embarcar, descobri que faltava um documento para a gata se mudar conosco para a França. A União Européia exige que, animais de estimação, façam a sorologia de raiva.

Mimi teria que ficar em quarentena por 90 dias no país de origem. Chorei um dia inteiro, como podia não ter me informado sobre isso? E agora? O meu mundo havia caído, pelo menos o mundo felino.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Somos temperamentais, interruptores

Acende!


Apaga!


Acende apaga Nunca contente estamos Satisfeitos nem sempre Apaga acende

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Cadê o mar?


E depois de algum tempo de abstração, me perguntei:


Cadê o mar? Será que ele foi comprar cigarro e já volta?


 Claro que volta! - me disseram. Mas não foi comprar cigarro não!


  Ele demora o mesmo tempo dessa composição pra decompor a bituca? 

PS: Nas praias de Vannes (de onde fiz estas fotos), encontrei apenas 1 cigarro boiando na areia. A propósito, a maré por aqui baixa bastante, e só vai subir a noitão. E, a propósito, o mar pode demorar de 5 a 20 anos para digerir o cigarro.

O gentil pastor

Um cachorro de grande porte vinha em nossa direção. Ele era bonito, pelos bem escovados, brilhantes, andar elegante. Luna e eu ficamos magnetizadas e seu dono logo percebeu nosso olhar furtivo.

Trajado de branco, era como seu pet, alto, elegante. Ao nos cruzarmos, gentil, parou, fez o cão sentar-se e, utilizando certo verbo francês (que ao meu ouvido brasileiro tem apelo sensual), disse:

 - Vous pouvez CARESSER.

Caresser, algo como "acariciar", é muito usado referindo-se aos animais. 
Eu fiquei um pouco receosa, pois o rosto da Luna estava na altura da enorme boca do cão, e disse:

- ...No, il est grand, j' as peur. 

- Il est gentil - tranquilizou-me o dono que se parecia bastante com o ator Tim Robbins, sem a Susan Sarandon, tão charmoso quanto - ou o som de "caresser" fazia tudo mudar de figura.

Acariciamos o o cão que era e fato dócil e educado. Ao terminar, perguntei a raça de seu pastor alemão em francês. Berger alemmand. Contentes, agradecemos e seguimos o passeio. O de curtir o entardecer no porto de Vannes.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

La Poste

No início da adolescência, eu me correspondia com minha amiga Lika Pika (sim, foi isso que você leu). Lika mudou-se para São Paulo e eu fiquei no interior. Aos 9, 10 anos nos escrevíamos de 1 a 2 vezes por semana. Era um ritual, olhar debaixo da porta e checar se havia cartas para mim.

Atualmente revivo um pouco essa época,  a França é o país das papeladas burocráticas. A maioria dos órgãos públicos exige solicitações de documentos através do correio, para depois marcar um horário e, se for o caso, atendê-lo, pessoalmente.

Correspondências contribuem com a ausência de fila - a não ser no açougue ao meio-dia, ou para jantar em bistrots parisienses após às 20h - isso me fez voltar ao hábito das cartas, mesmo que burocráticas. Passo horas preparando-as, redigindo, anexando documentos, preenchendo formulários à mão.

Papéis que autorizam débitos automáticos de água, luz, internet, aluguel, vêm através do correio, daí você os assina-se e os retorna à empresa. E MUITAS outras coisas. Depois basta ir até o La Poste, versão francesa do Correios, colocar o "timbre" (selo) e enviar.

A agência de Marcoussis sempre está tranquila, não passo mais de 5 minutos ali. Abre todos os dias da semana. Fecha 2 horas para o almoço. Há também tecnologia, processos na rede, o "serviço em linha",  prestação de serviço do governo, rápido e eficaz, mas falarei dele num próximo post.

Quando ouço o barulho da Biz do moço do La Poste, já vou até porta da casa, checar a correspodência na caixa de correio. Lika, acho que está na hora de voltar a me escrever cartinhas, agora que estamos um pouco longe da época Gumex, fase em que usávamos micro-saias tarja-preta!

Saiba mais sobre o La Poste 

quinta-feira, 22 de julho de 2010

"Venha como você é"

Algo assim:

Sentado à mesa de uma lanchonete, um jovem fala ao celular: "Estava pensando em você... Acabei de ver a nossa foto do colégio - acaricia a foto em sua mão, e continua - ... Você me faz falta...".

O pai chega com a bandeja da refeição. O jovem desliga o celular. O pai senta-se  à mesa e joga o olhar sobre a foto, lembra seu tempo de colégio, a euforia com as meninas, e diz: "Pena que na sua classe só tem meninos".

O jovem joga um sorriso malicioso e discreto ao pai. Fade in. Entra o seguinte lettering "Venez comme vous êtes" e, em seguida, entra logo do Mac Donalds'.

Saiba mais sobre essa publicidade que está passando na TV francesa há alguns meses, e assista a outros vídeos com a mesma temática! ; 0 )

terça-feira, 20 de julho de 2010

Cold Case By France

Há 15 anos meus sogros começaram a trancar a porta da casa onde moram, no campo. Um vizinho - que morava há uns 5 km dali - matou o irmão e toda a família a "machadadas". Seu nome Dany Leprince. Apelido "Le boucher de la Sarthe".

Dany morava na propriedade do irmão Christian com a esposa Martine. Mais pobre que ele, pediu-lhe dinheiro emprestado, Christian negou. "Motivo" que o fez mutilar sua família "inteira", segundo a versão da esposa e filha de Dany.

Essa versão o condenou a prisão perpétua.

Na última década nenhuma barbaridade aconteceu na região da Sarthe e neste ano, dia 10 de julho, Leprince foi colocado em liberdade. Desde o início se declarou inocente. Desde o início não houve provas para sua condenação.

Segundo as "más línguas",  Martine tinha um amante policial. 

Ao ir à polícia, a esposa de Dany tinha os cabelos molhados e disse haver jantado um ratatouille intocado. Consternada, pegou a única sobrevivente na cena do crime, foi à casa da mãe lavá-la (s), antes de ir à delegacia.

No decorrer dos anos perdidos na prisão, constataram que o tamanho das marcas dos pés no sangue derramado era bem menor do que o tamanho dos pés de Leprince, não o colocando na cena do crime.

Convoco os roteiristas da série de TV "Cold Case" para solucionar, dar verosimilhança ao caso. Mais do que descobrir o culpado, achar uma razão crível para mais um crime "arquivado", sem conclusão.

Quem sabe através da ficção, a verdade venha à tona.

Por enquanto somente quem morreu poderá apontar o culpado: Christian, 34, sua esposa Brigitte, 36, as filhas Sandra, 10, e Audrey, 6. "Milagrosamente" Sólene, a filha de 2 anos, que sobreviveu - a única que não poderia testemunhar.

Sobre Leprince by Le Figaro

A Baleia e a Solidão

Uma Jubarte nada mar adentro com seu bebê. Ela tenta fugir de mais de 5 orcas, ágeis velozes gigantes, para proteger a cria que enquanto continuar a nadar ao lado da mãe, estará a salvo. Assim, os predadores não atacarão. Depois de 3 horas de perseguição, o bebê está cansado, as orcas não e mudam de técnica. Se jogam em cima dele, para afogá-lo. Mais um pouco dessa agonia, atingem o bebê. O sangue jovem flutua o mar. Uma linha vermelha fina que se esfumaça. A mãe percebe que seu filhote não sobreviverá. Ela terá que seguir a jornada sozinha.

Solidão é um estado de espírito?

Mathieu está viajando a trabalho. Num intervalo, ele me liga perguntando se certo documento chegou através do correio. Digo que sim, e logo abro 3 ou 4 outras janelas. Falo sobre assuntos banais e distintos. Ele pergunta: "Por que você está me falando tudo isso?" Respondo: "Porque não tenho com quem falar."

Le temps des cerises - La chanson


Quand nous en serons au temps des cerises
Et gai rossignol et merle moqueur
Seront tous en fête
Les belles auront la folie en tête
Et les amoureux du soleil au cœur
Quand nous chanterons le temps des cerises
Sifflera bien mieux le merle moqueur
Mais il est bien court le temps des cerises
Où l'on s'en va deux cueillir en rêvant
Des pendants d'oreilles
Cerises d'amour aux robes pareilles
Tombant sous la feuille en gouttes de sang
Mais il est bien court le temps des cerises
Pendants de corail qu'on cueille en rêvant
Quand vous en serez au temps des cerises
Si vous avez peur des chagrins d'amour
Evitez les belles
Moi qui ne crains pas les peines cruelles
Je ne vivrai pas sans souffrir un jour
Quand vous en serez au temps des cerises
Vous aurez aussi des chagrins d'amour
J'aimerai toujours le temps des cerises
C'est de ce temps-là que je garde au cœur
Une plaie ouverte
Et Dame Fortune, en m'étant offerte
Ne saura jamais calmer ma douleur
J'aimerai toujours le temps des cerises
Et le souvenir que je garde au cœur

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Chove cereja

As cerejeiras começam a ficar nuas, mas antes chovia bolinhas vermelhas e brilhantes e docinhas. Da copa de seus arbustos até o chão. Antes de começar sua estação, há uns 40 dias, o quilo custava 18 euros, depois foi para 5!

Beliscando cerejas, trabalhava no computador. Uma mão no teclado, a outra na fruteira. Ganhei quilos e quilos de cerejas dos meus sogros. Abastada da fruta que combate os radicais livres, decidi improvisar um "molho".


Os sogros jantariam conosco. Queria impressionar. Rejuvenescer. "Puxei" receitas na internet e decidi tirar os caroços de 300 gr. de cereja, refogá-los na cebola e cozinhar com acúcar (a mesma quantidade de cereja), curry, pimenta-do-reino.

O chutney de cereja acompanhou o peito de frango "marinado" ao suco de laranja. Mesmo sem gengibre, a receita foi aprovada. Ouvi miams miams. E a minha maneira, reverenciei o "tempo de cereja" que é realmente uma coisa!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Não é argumento de filme

O rapaz parte de férias com a mãe, esposa e irmão. De carro, da França à Argélia. Pouco depois de entrar na autoestrada (A13), uma garota bate em seu carro. Ele faz questão de fazer o B.O. É seu direito. Ela se recusa, não está nem aí. Um amigo que a acompanha, dá um telefonema. Em poucos instantes, chegam outros amigos da cité Mureaux, Yvennes. Batem na mãe, esposa e irmão e o jovem Mohamed, dono do carro, é surrado até a morte. Silêncio total.

Quoi de neuf?

Deixei a Luna 9h na Halte Garderie. Voltei pra casa, faxinei o quarta dela, a cozinha e a sala (antes, uma zona pós-feriado). 11h10 montei na bicicleta. Destino: Monthléry, cidade vizinha a 5 km de Marcoussis.

Pegaria o resultado de um exame médico e 12h30, a Luna. Pensei, fácil, vou no pau, pedalando. Senão, não daria tempo. (deixar criança esperando na escola é a coisa mais triste do mundo!)

Um corredor apenas nos leva a Monthlèry, uma reta. Pista de velocidade, entradas e saídas de carro, estreitas, perigosas. Um supermercado no meio do trajeto. O vento contra, o sol queimando.

Por acaso, estava com calcinha que se transformou em "fio dental" e bermuda jeans, por acaso justa. Melhor que pedalar pelada pela cidade. Onde iria minha reputação?

Ofegante, cheguei em 20 minutos à cidade vizinha, em 10, já tinha retirado o exame. 11h40, marcava o relógio da igreja. Perfeito. Volto no pau. Há um pouco de trânsito no centro da cidade. Carros respeitam bike.

Não ultrapassam. Bike é carro. Um carro atrás de mim. Ultrapasse, coño, pensei. Dei passagem, manteve-se atrás de mim. Dispenso a gentileza. O vento está forte e contra, não consigo pedalar mais rápido do que isso!

Rotatória à vista. Onde aos sábados à noite a polícia sempre faz o bafômetro, passo tranquila. É dia, não bebi, não tem polícia... Caminhão!

... Ultrapassou pela pista de quem vinha e não de quem ia. Ele entra pelo estacionamento supermercado. 5 carros têm que parar à minha frente. Por causa do caminhão.

Seguem. Apenas 1 mantém-se atrás do caminhão. O senhor quer fazer suas compras. Está com pressa e buzina sem parar. Dou risada, meu bumbum começa a assar por causa de tudo. Banco, calcinha bermuda justas.

O velhinho continua. Buzina sem parar. Nem se deu o trabalho de perceber que o caminhão nada podia fazer. Aposentado estressado como qualquer trabalhador paulistano. A garagem abre aos poucos para o caminhão entrar.

Tudo se resolve. Sigo no pau. Suo. Saio da via expressa. Atravesso a pista de skate da cidade, passo pelo Centro Nacional de Rugby, entro na floresta de Bellejame. Agora sim! Tranquilidade mountain bike. Saio. Pedalo na rua de novo.

Antes de entrar na rotatória, a placa Vous n'avez pas la preference. Reflito sobre toda a minha vida.  Deveria haver a mesma, em português e em todas as rotatórias de SP. Paulistanos nunca sabem quando é "preferência", a sua ou a do outro!

Meio-dia. Chego na Halte Garderie. Meia hora antes. Solto os bofes. Desçø da bike, sento à sombra, descanso, navego no meu celular Quoi de neuf? Teclo na interface do Twitter e Facebook.

Barbie francesa vai ao Brasil

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Orgias, beijos e malabares


Pela banlieu de Paris, os vemos facilmente pelas calçadas... Tão fácil como ver atores nos estúdios de Holywood ou revistas de gossips. São eles as estrelas, os escargots. Não me lembro de ter visto muitos em São Paulo. Será que vi?


Mas ontem no jardim de nossos amigos, Luna colheu caracóis, organizando-os em categorias: mamãe, papai e bebês. Todos estavam, dentro de suas mesonnetes (casinhas) quando ela os colocou na mesa. Nos afastamos por alguns minutos...


Ao voltar, tudo havia mudado. Se enroscavam, subiam uns em cima dos outros, tombavam e não caiam, se beijavam como num espetáculo... Nos divertimos como convidados nessa mistura de Moulin Rouge et Cirque de Soleil "moluscular".

Queda da Bastilha, algumas versões

Há mais de 20 anos aconteceu a Revolução Francesa de Aguilar, megaespetáculo a céu aberto em São Paulo. Jorge Mautner, Arnaldo Antunes, Guilherme Isnard entre outros fizeram participações especiais. Eu também, de povo.

Junto a centenas de atores figurantes, corri de plebéia pela Avenida Paulista, clamando a queda da Bastilha - para isso, meses de ensaio na antiga Oficina 3 Rios, que terminaria em apresentação "popular" na Praça Charles Muller, no Pacaembú.

Em 1789, no bairro parisiense Saint-Antoine, ocorria a destituição real do símbolo de hostilidade aos direitos humanos. A Bastilha. Ontem (14/7), comemorou-se mais uma vez esse importante acontecimento da Revolução Francesa. 

Sem revolução, nosso feriado foi com amigos queridos, bom papo e passeio à margem do Sena em Le Pecq, bairro construído por operários em 1930 - depois da forte chuva, o sol surgiu e secou as flâmulas da Bandeira Nacional em Paris.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Gosto duvidoso em Paris


Escargot é delicioso com o molho de salsinha. Adoro. Petit escargot porte sur son dos sa maisonnete é parte da letra de uma canção francesa... "O caramujinho carrega sua casinha nas costas"... Luna adora!

Atualmente, o escargot azul (foto acima) "decora" uma ponte de Paris no bairro de Puteaux (são vários) - e entalou na minha garganta, nem tomando ácido lisérgico ou cantando Lucy in the Sky, ele desce.

Gosto duvidoso é inerente ao humano. Traz uma tequila!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Café mais barato depois das 14h


Na França, o consumo de energia é caro, se não for dentro dos horários “econômicos”. Uma média é estipulada pelo perfil da família/morador, o  valor calculado, sempre tem a mesma cifra, debitada da conta do consumidor todo mês. 

Se ele ecomomizou mais da média-base durante o ano, tem surpresa. Pode haver ressarcimento em cifras. Pagamos 57 euros por mês (perfil de família com 1 filho).  Os horários econômicos são das 14h às 17h e da 1  às 5 da matina.

Compramos um plug-timer de tomada, custou 5 euros (há no no Brasil também), o programamos para ligar as máquinas nesse horário. De manhã, ou pela noite, preparo e encho a lava-louça, coloco roupas na secadora e na máquina de lavar.

Esqueço das tomadas, não coloco fogo na casa, é o momento das máquinas trabalharem por mim. Meu melhor momento de administradora do lar é ao ligar minha cafeteira espresso às 14h01m e beber o café pós-almoço, mais barato e mais saboroso. 

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Um brinde a Massao Ohno

Tomo um uísque em sua homenagem. Cowboy. Você morreu Massao, mas nos deixou Roberto Piva, Jorge Mautner, Hilda Hilst, em edições de "grande apuro gráfico" como disse um jornal. E tantos outros, eu. A casa dos fundos da Consolação, depois da Oscar Freire, com conversas literárias regadas a destilado, Bogo, sua filha Bia, estarão sempre presentes em meu imaginário... Nem sei o que dizer, Massao. Com carinho.

Palavra globalizada

Na parte da manhã deixei Luna na Halte Garderie. Antes preparei seu almoço preferido massinha e cenoura "palitos", pois iria almoçar com os coleguinhas. Levei suco em caixinha. Ao chegar, entreguei. Fui instruída a não deixar o suco. Lá, somente bebiam água. Adorei. Igualdade e saúde.

Meio-dia e meio, fui buscar a Luna e havia um clima bem descontraído. Era o último dia de "aulinha" por causa das férias. Uma das pedagogas me explicou que minha filha falava várias palavras em português que ela não entendia. Uma, entendeu perfeitamente.

Luna havia deixado cair no chão um importante brinquedo pra ela, naquele, momento, deu um tapinha na testa (o pai faz o mesmo) e disse M...em português (os pais fazem o mesmo), essa palavra é igual ao francês, apenas troca-se o A pelo E no final dela. Globalizada.

Halte Garderie

Não havia vagas na creche da cidade (para até 12 crianças). Era importante Luna fazer integração, escutar, aprender francês e brincar com crianças francesas. A increvi, através da Prefeitura da cidade, na Halte Garderie.

A criança inscrita vai de 2 a 3 vezes e não pode passar mais de dez horas semanais lá.  Da folha de pagamento do pai e mãe (se ambos trabalham) é debitado uma quantia pequena mensalmente. No nosso caso, uns 2 euros a hora.

Luna desliza em escorregadores, brinca de casinha, ouve historinhas, briga com as crianças e ensina palavras impróprias em português às pedagogas que são competentes e entendem que, pra criança,  é fácil aprender de gros mots

Crianças manhosas não tem vez lá, né Luna?

terça-feira, 6 de julho de 2010

Bric-a-brac


Vocês não sabem o que me aconteceu? Minha sogra tornou-se minha melhor amiga. Saímos bastante e ela me ensina segredos que somente alguns franceses sabem. Um deles é ir em brechós ao ar livre, os brics-a-brac, e barganhar.


Chamados  de "vide grenier" (esvaziar o porão), pode ser visto não só como comércio, mas uma maneira ecológica de dar fim às coisas velhas ou àquelas que não usa. Reciclar e ganhar um dinheirinho com o que poderia ir pro lixo.


Olheiros parisienses vão a esses brechós, em vários no mesmo dia, bem cedinho, para obter "achados preciosos" e vender em Paris muito mais caro do que pagou no vide grenier  - mas sabem discernir quinquilharia de antiguidade. 


Simpáticos, divertidos. Os bric-a-brac têm uma simplicidade contagiante. Nesse dia fresquinho em La Chapelle-Saint-Rémy (noroeste francês), a atriz e cortesã francesa Sarah Bernhardt deu o ar da sua graça. Emoldurada, na grama. 


O estrangeiro sempre vai achar algo diferente que goste e valha a pena “gastar pouco”. Minha sogra comprou pra neta uma blusa linda e semi-nova da Cacharel por 2 euros! Eu encontrei mimos para alguns amigos. Gastei no total 6 euros.

Comprei 6 taças novas por 3 euros + 2 bonecas por 1.50 euros +2 livros das viagens da Barbie por 1,5 euro e ainda ganhei uma vespa do gentil senhor vendedor. Que sucesso! 

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Psenquete

PS: A Havaianas ainda é trés a la mode nos calçadões do verão francês e investe nos pontos de venda - mas não estava em liquidação que, aliás, alguém já viu a marca em liquidação? Será que a chinela é considerada 4 estações?


Sapatos falam. Será?

Nesse sábado, arrastava minha chinelinha branca pelos paralelepípedos de Le Mans, acreditando que ia "fechar o comércio” quando descobri que tudo estava em liquidação e que, muita gente, estava de Havaiana.

Olhei bem em direção aos meus pés. Notei que a chinela estava mais pra cor "beginha" do que para branca. Anotei no meu caderninho "lavar Havaiana" e concluí "preciso de um sapatinho!".

Como lá é onde acontece “24 horas de Le Mans” (corrida de carros), tratei de apressar meu passo. Sei, é clichê, mulher sempre "precisa" de sapato, mas tem anos que uso meu Camper de maçã quase todo dia. Deve estar com xulé! 

Na França, os descontos das liquidações são pra valer e não é que eu encontrei um Marc Jacobs com 50% de desconto (foto acima). Não gritei como Carrie Bradshaw. Subtraí o fio dental do orçamento mensal e deixei só a pasta. Comprei o sapato.

Paguei (pagamos) 125 euros e, em território francês, um par de sapato de boa qualidade, trivial, custa em média 120 euros. Fiz uma feliz aquisição. Mesmo que nem sempre possa tê-los, adoro sapatos  que falem por mim.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Brasil e Holanda na França

Esta semana o verão começou. Ontem foi o primeiro dia de férias escolares. Hoje na minha casa, um silêncio absoluto. Na caixa de e-mail, silêncio absoluto. Luna está na casa dos avós. Brasil e Holanda jogam daqui a pouco. Não não sou de copa nem de cozinha. Aliás, vivo quebrando copo, taças.

A cidade viajou. A maioria dos habitantes de Marcoussis foi para a praia ou para o campo. Assim são as férias. Essa é a primeira copa que não passo no bar do Jacaré, na Vila Madalena. O pessoal já deve estar lá, pedindo Bohemia gelada. Concentração nas mesas. Muvuca!

Paro meu turno agora. Acabei de entregar o texto pro cliente. Aprovado. Pego uma Leffe na geladeira, está trincando, o calor cozinhando. O dia vai até à noite. Nessa estacão, a França fica iluminada pelo sol até às 22h... E num é que meu celular fez uma foto de Paris de emoldurar desse céu?

Ligo a televisão. Vou acompanhar o jogo. Isso mesmo. Vou assistir ao jogo. Pra ter sobre o que falar depois. E é claro, orgulhar do meu País também. Se rolar com arte ou cartesiano como Dunga gosta. Se ele fizer gol, se ele fizer bonito, mesmo sem gol, mesmo se não ganhar.

Caixinha da sorte. Pegue seu instante.






O instante, pegue o seu!

Mais importante do que aprender a língua - ou emitir sua opinião formada sobre tudo -  é entender e respeitar o que é novo e diferente. Observar silenciosamente os detalhes e entalhes, absorver o que ainda não sabe.

No meu instante, sou a mulher invisível.

Não abuso do poder da invisibilidade pra dar uma rasteira na mulher da boulangerie que não respondeu ao meu bonjour porque tenho sotaque estrangeiro - talvez ela seja muda, talvez estivesse na tpm.

Gosto de notar sem ser notada a maneira minuciosa que um francês eleva a xícara de café à boca, o bebe, sorve, engole, e devolve a xícara no pires no balcão do bar.  No instante em que ele verte o último gole goela abaixo, olho tudo o que acontece ao seu redor... Afasto e aproximo o olhar.

Peço um café expresso,  e tenho o meu instante também.


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Coccinelle não é Gendarme


Passeava pela cidade, numa manhã fresquinha, com minha filha de quase 3 anos. Em determinado momento, ela disse inflamada: Mamãe, olhe lá! Não acreditei, pensei: Quanta sorte a nossa! Quanta Joaninha! Notei que eram bem mais "selvagens", rústicas, meio quadradras, sem muito brilho. Ficamos fascinadas, eu, pelas diferenças e minha filha porque nunca tinha visto uma joaninha.

Então as francesas eram diferentes das joaninhas brasileiras. Mais acessíveis, moviam suas patinhas aos "amontoados", nas calçadas de cimentos, nas pedras, pela na terra... Conclui que éramos as pessoas mais afortunadas do mundo, e ensinei a Luna (no meu francês): Ma petite Luna, (apontei o dedo pras "joaninhas") sont les coccinelles. Luna repetiu: Ah, ba, coccinelles! 

Outro dia, a mesma cena, dessa vez com Mathieu. Repeti o "jargão" Ma petite Luna, sont les coccinelles... Antes de terminar minha exclamação, Mathieu interrompeu, em português correto: Não é Joaninha, é GENDARME. Ah, bah oué,  pensei. Muda, concluí que minha sorte se esvaiu na ignorância.

Os GENDARMES (como mostra a foto) parecem, mas não são joaninhas. No início do verão, andam em bandos, pois é a época de reprodução.... Fechei a boca e as aspas de minha reflexão. Disse à Luna: Ma chérie, sont les gendarmes. Luna repetiu quase direitinho: Ah, bah, oué, "gerdarves".