Minha maldita surdez é quase maior que a minha vontade de aprender outra língua. Ouço cada dia menos. Num rola língua no ouvido. O som diminui, não chega ao tímpano direito. Aparelhos auditivos não adiantam, nem cirurgia.
Tenho que fixar os olhos nos lábios das pessoas que tento ouvir e estar, de preferência, contextualizada no assunto, me preparando pra dar o chute. Em francês, a pronúncia do “eu” “ieu" do “ou” é difícil, diferenciar e falar.
Não se pode confundir bunda com pescoço. Cue com Cou.
Alguém me chama da direita, viro pra esquerda. Mesmo em português. Pra praticar o francês, peço a informação que já sei a resposta e olho atentamente nos lábios do interlocutor.
Espero não ter como professor Delon, pois isso me desconcentraria, e gostaria de agradecer minha mãe por Gael Garcia Bernal não ser meu irmão, não ser francês e tampouco meu professor, pois...
Não aprenderia a diferença entre Je Peux, Je Peut.
Capto sons, nem sempre as palavras. Ouço tudo, nem sempre entendo. Quem sabe aqui, ironicamente, eu aprenda a ouvir mais em francês, português, sânscrito e esperanto. Língua curda também.
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