quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sempre a mesma merda, Basquiat!

Década de 80. Nas ruas nova-iorquinas, jovens e ricos, os yuppies desfilam em suas vespas. Negros dançam hip-hop nas escadarias. Pelas calçadas, vê-se transitar artistas plásticos famosos, escritores beatniks, músicos do cenário underground. Uma grande efervescência cultural, no período denominado New Wave.

Nessa bolha, todos estavam juntos. Andy Warhol, Mapplethorpe. Nicholas Ray, Allen Ginsberg, William Burroughs. Arto Lindsay, Ramones, Blondie, Talking Heads, os ingleses do Clash. Jim Jarmusch, Eric Mitchell, Amos Poe. Jenny Holzer, Kiki Smith. Julian Schinabel, David Salle. Keith Haring.

E, nesse instante histórico, tocava na vitrola de Basquiat, Janis Joplin, Jimmy Hendrix, seus ídolos que, como ele, morreram de overdose. O artista viveu tão intensamente a década de 80 que morreu antes dela terminar, aos 27 anos, 1 ano após seu vampiro-guru-mentor de cabelo prata falecer.

Até aí, nada de novo. Sempre a mesma merda. SAMO© (Same Old Shit), pseudônimo de Basquiat, viveu de 1979 a 1981, saiu das ruas do Brooklyn, parou de vender postais e camisetas pintadas por ele, e partiu às galerias de Manhattan. Rapidamente caiu na graça de importantes galeristas da época como Bruno Bischofberger (Zurique), Emilio Mazzolli (Modena), Annina Nosei (NY).

De descendência porto-riquenha (materna) e haitiana (paterna), nasceu no Natal de 60 e deu seu último suspiro em 87. Mas antes curtiu 1001 noites em clubes como Mudd Club, Club 57, CBGB's, bem-mal acompanhado por drogas como cocaína, heroína, crack, speedball. Porém muito antes e durante todo esse turbilhão, produziu 1000 telas e 2000 desenhos!

E o conjunto dessa obra está no MAM de Paris, numa exposição considerada tão importante quanto às exposições que ocorreram no Whitney Museum (92) e no Brooklin Museum (2005). Telas e objetos vieram de diversos países como Estados Unidos, Itália, Suíça, França, para expor seu traço intenso e primitivo. 

O visitante pode ensaiar desvendar a alma de Basquiat, relembrando o comportamento de uma década inteira, de todos os artistas, músicos, grafiteiros, “marqueteiros", escritores, que vivenciaram e fizeram a onda "New Wave/No Wave" e onde ocorreu a primeira importante exposição em NY de artistas gráficos e pintores da geração yuppie na "New York/ New Wave, à PSI”, em 81.

Para dar sentido à sua vida, Jean-Michel Basquiat, que não se considerava grafiteiro, não pixava apenas seu nome em metrôs, fez sua arte "primitiva" (que tem um "q" de arte voodoo e  de pinturas pré-histórica em cavernas), permeada de frases enigmáticas, que se fragmentaram em papelões, geladeiras, portas, quadros, pelo mundo afora, sussurando causos nos ouvidos dos mais curiosos. 

Até janeiro de 2001
11 avenue du Président Wilson 
75116 Paris 
Tél : 01 53 67 40 00
Aberto de terça-feira a domingo, de 10h às 18h (caixas fecham às 17h15)
Noturno quinta-feira até as 22h (caixas fecham às 21h15).
Fechado nos feriados
11 euros






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