Primeiro show na França. França ou Brasil, Mathieu e eu não íamos a um desde que Luna nasceu. Programas noturnos, na maioria, feitos separados. Alguém tinha que cuidar da pequena. Estava ansiosa, parecia um encontro, un rendez-vous. Somente nós dois. No Pigalle.
Não, não no bairro de Pigalle, Moulin Rouge, Peep show. Nada disso. No show da banda Pigalle, pertencente à velha guarda musical francesa, nascida nos anos 80, e que não tocava a tempos. Mathieu foi quem me a apresentou, ainda no Brasil - seria a primeira vez dele também a ir nesse show antológico.
Dias antes reservamos e pagamos o ingresso através do site da FNAC. Ainda assim, teria que passar numa FNAC mais próxima pra retirar o ticket. Pas cher. 17 euros cada. Razoável. Na cidade de La Verrière, banlieu de Paris. Estava tensa, será que entenderia, digo, escutaria, a letra das músicas?
Deixamos Luna na casa do tio em Paris, e fomos. O show começou às 21h. Público completamente eclético e familiar. Um fã-pai levou o filho de uns 12 anos pra curtir com ele (e ambos curtiram). Tinha até "vovós". Alguns poucos adolescentes chacoalhavam o esqueleto.
Apesar de preservarem a boa sonoridade, e as letras das músicas serem literatura quase beatinik, a banda tem uma pegada folk. Há em seu repertório, melodias "mais comerciais". Musique a boire!!!. Ao bom estilo irlandês, bretão de farrear.
Um dos seus integrantes vem da Bretanha, região famosa por seus beberrões. A cerveja no Le Sacarabee (o nome da casa de show) custava 2 euros. Razoável também. Com algumas moedas, cada um, tomou duas. Faltou aceitar cartão. Num ambiente deliciosamente provinciano, faltou ficar bêbada.
Um loucão solitário (espetacular personagem), fã da banda que gritava antes do show começar, se amansou quando ouviu o primeiro acorde da guitarra, e foi pra turma do gargarejo, de lá curtiu o show (impecável!) de montão. Ocasião intimista, havia umas 200 pessoas ali.
Durante o concerto, Mathieu e eu estávamos apaixonados. Eu por ele, Ele por mim. Nós pelo show, pela "aventura". Eu estava emocionada. Ouvi tudo o que cantaram, o que tocaram. Gritei, feliz da vida: Põe microfone nessa porra de mundo! Assim, ouço e entendo tudo. E muito bem!
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