quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Mademoiselle Coiffée

fotos: bernard GILLOT
Demoiselle coiffée da região de Albiez Le Jeune (França)
A senhorita penteada (ou o penteado da senhorita?) foi ao cabelereiro e voltou mais penteada ainda, cabelo empedrado (nem usaram laquê), com 25 metros de altura, serelelepe, não passou desapercebida, e adorou o novo look

Foi isso que pensei ao ouvir pela primeira vez algo "vamos ver uma demoiselle coiffée". Claro, não é necessário pirar tanto numa escultura da natureza que surge do processo de erosão, sobretudo nos Alpes.

A alquimia da água, vento e neve, é responsável por essa aparição em terrenos secos e argilosos. As demoiselles coiffées, também conhecidas como "cheminée de feu", são vistas na França nos Hautes-Alpes e Hautes-Provence.

A "moçoila" deste post posa em Albiez Le Jeune e está numa balada charmosa e fácil de fazer a "Boucle Moine de Champlan" de 1.5 km. De onde ela está, é possível ver Albiez Le Vieux, as Aiguilles d'Arves, o Mont Emy, e sem se descabelar.

Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelaaaada.

Erosão criou esse tipo curioso de escultura
Demoiselle coiffée Le Moine de Champlan

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Glaciers de l'Etandard

fotos: Bernard e Mathieu GILLOT/Viviane FUENTES
Conta estourada. Caminhar não paga. Assinei o último cheque com a caneta Montblanc, desliguei meu laptop MacPrada e decidi caminhar! ...Ooops, essa frase parece da Bekky, protagonista do livro que acabei de ler Confessions d’une accro du shopping (2006) de Sophie Kinsella. Mas não é dela nem minha.

Porém há 2 palavras na frase que são a alma deste post. Caminhada e Montblanc. E por que não, juntar ao passeio uma terceira sugestão, lago?  Já pensou em tomar um banho de lago glacial, com vista paro o monte Montblanc, depois de subir quase 4 inclinados km e alcançar 2.553 metros de altitude?

Então a dica é fazer a "randonnée" Glaciers de l’Etendard, uma deliciosa caminhada que trabalha bastante os músculos do coração e das pernas –usando bastões, os dos braços também. Até a Luna (4 anos) caminhou conosco 6 hs (subida, piquenique e descida), bem orientada pelo pai mouton

Foi um desafio árduo, mas "possível". Os vertiginosos não travaram, nem fizeram escândalos, marcharam calados, transformando o som do caminhar num mantra em meio ao silêncio da natureza (algumas vezes interrompidos por 4X4).

Partimos de 500 m de altitude e em 3 horas chegamos a 2.553 m. Dali, vimos Saint-Sorlin e uma bela paisagem glacial (no verão ainda resta um pouquinho de gelo nos picos): lago Bramant, panorama para os montes de Belledonne, Beaufortin que domina o Montblanc, Grande Lauzière e Grande Casse.

O apogeu é atingir aos 3.465 m de altitude, no Pico de Etendart. Mas fizemos o passeio em família e, apesar, de estarmos orgulhosos pela Luna, não podíamos exagerar. Tínhamos mais 4 km de descida, 3 horas ainda para caminhar.

Alpes, com direito à vista ao Montblanc, o sol contrastava o vento gélido. Ninguém nadou, crowl ou clássico. Mesmo no verão a água do lago é gelo derretido! Esquecemos a bravura e fizemos uma ducha quente no conforto do chalé.


Geleiras de Etandart (Saint-Sorlin d'Arves): início da caminhada
Parceiros em Savoie: Luna e Mathieu sobem a montanha
Lago Bramant: quer nadar?
A vista: recompensa a 2.553 m de altitude

domingo, 9 de outubro de 2011

Cinema Animalier

fotos: Anne e Erik LAPIED
Bouquetin, personagem presente nos Alpes Franceses e em "La Valée Oubliée des Hommes"
Fomos ao cinema no primeiro dia de férias nos Alpes. Alguns poderão se indagar: mas ir ao cinema durante as férias, e na montanha? Sim, primeira sessão, 18h30. O manual de sobrevivência diz: ir ao cinema sempre, sempre que possível! E, lá, nada mais temático do que assistir a um filme animalier em família.

Me perguntei: mas que diabo de gênero de fime é o animalier, que bicho será? Que tipo de 7 cabeças, ele é? A "Lassie", série televisiva dos anos 80 é? Ou os documentários do Planeta Terra, programa da "extinta" TV Cultura, são filmes animalier? Para o meu alívio o querido mestre da categoria esclareceu.

Jacques Perrin. De Microscosmos, Oceanos e Le Peuple Migratuer. O respeitado cineasta francês diz que o cinéma animalier é a arte de olhar. Não é apenas mostrar os animais na natureza, em seu habitat. Mas REFLETIR. Dependerá da sensibildade do diretor, o filme ser ou não bom.

Para concluir, Cinéma Animalier não é exatamente documentário. Lembra ficção, há ficção, mas não é. O filme que assistimos naquele final de tarde era assinado pela casal de cineastas Anne e Erik LapiedLa Valéee Oubliée des Hommes.
A Camurça (Chamois), protagonista, do filme "La Valée Oubliée des Hommes"
Ele é parte integrante de uma trilogia (Voyage au bout de l'hiver e Juste après la neige) que retrata, em 4 estações, o modo de vida dos principais animais dos Alpes, tendo o cabrito montês (chamois) como o fio condutor.

Durante uma briga com outro de sua espécie, o chamois se machuca e é obrigado a se refugiar. Pouco a pouco, os cineastas nos ajudam a desvendar e a refletir sobre as adversidades pelas quais os animais montanheses passam, ficando claro que a montanha foi feita para os mais fortes.

Ao término do filme, ouvimos a palestra de Anne Lapied e, no final, Mathieu e eu discutimos mais sobre a o cinema "animalier" e outras curiosidade e fatos reveladores sobre as filmagens - enquanto isso sua filha e seu marido exibiam seus filmes e palestravam, mas em outros vilarejos dos Alpes.

A família Lapied mora nas montanhas há mais de 15 anos e divulgam seus filmes, sobretudo na França, e na região em que estão. Produzem, exibem, palestram, distribuem e, sem "holding", são eles mesmos que escalam montanhas e carregam e observam e filmam, faça sol, chuva e, sobretudo, neve.
Anne Lapied durante a filmagem de "Voyage au Bout de l'Hiver"

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Course de Neuilly


Ontem aconteceu a Corrida de Neuilly na "pequena coroa" de Paris - 10 €, mais de mil inscritos, a partir de 10 anos de idade, para percursos de 1.5 km, 5km  ou 10 km. Manhã ensolarada e ao mesmo tempo fresca por causa das árvores milenares e dos imóveis de 3 ou 4 andares, no metro quadrado mais caro da França.

Senhor Presidente e famosos se instalam no bairro de Neuilly (Neuilly-sur-Seine).

Participar de uma corrida como essa é ter  a chance de trafegar por ruas charmosas sem a circulação normal de carros e pedestres. No final, cada participante ganhou 1 camiseta - os vencedores levaram seus troféus e eu, a deliciosa sensação de ter competitido e corrido, pela primeira vez, 10 km em Paris.

Voltaremos, no próximo ano!