sexta-feira, 5 de agosto de 2011
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Chez Louisette
Numa busca rápida, digitei no Google o nome de uma das "últimas guinguettes em Paris" e, em várias línguas, encontramos comentários como: "péssimo" "comida ruim" "onde já se viu, consumir e pagar pra usar o banheiro" "absurdo! passar o chapéu depois de cantar" etc etc etc...Mas, perae, vamos voltar o filme um pouquinho.
Paris, final de julho de 2011
Contentes em rever grandes amigos, Mathieu e eu passeávamos com eles por Paris. De Montmartre caminhamos em direção ao "marché aux puces Saint Ouen" onde, em barraquinhas, estão à venda roupas de ocasião, tecidos indianos, bolsas "luis vitão".
Pouco empolgada com o “mercado de pulgas”, pensei:"Bom, agora que passamos pelas Praças da Sé e da República, podemos ir pra Calixto?". Em alguns minutos, chegamos à uma "galeria" aberta, uma das maiores feiras de antiguidades da França.
Depois de passarmos por todas as lojas, de talheres e objetos de prata, móveis antigos de madeira talhada, selos de colecionadores, cristais, taças, pensando ser o fim da balada, decidimos entrar num restaurante pra “molhar o verbo”.
Era lá, o Chez Louisette, (Google, péssimo, comida, ruim, banheiro que paga...). Antes mesmo da primeira cerveja chegar à mesa, os 4 amigos, sorriam e reluziam, contagiados pelo clima das "guinguettes".
Lá estávamos, au hasard, numa das raras guinguettes de Paris. A garçonete oficial, uma senhora de uns 60 anos, gritava "GERARD, isso!""GERARD, aquilo!""GERARD, frites!" – comandou/gritou nosso pedido. As fritas chegaram em 2 minutos!
Pedimos Pelforth para todos, nos trouxeram escura, não loira, como pensamos. E sabe do que mais? Nem reclamos. Ruiva ou morena, tanto fazia. Aquilo estava maravilhoso. Divertidíssimo! O domingo, agradável, ensolarado. Lá dentro mais ainda.
Brilhavam guirlandas vermelhas e douradas, ventiladores dependurados de cabeça para baixo, presos à barras de madeira com fita isolante. Mesas estavam repletas de mulheres acima dos 50, que gostavam de "picoler" (beber), portando discretas bolsas Prada.
Minha amiga e eu pensamos, somos nós, logo mais. Tudo que gostaríamos de ser. De estar. Exatamente nosso bar sonhado. Pra hoje e sobretudo amanhã. Nosso cantora, que se tornaria nossa preferida, nos embalava, cantando um sucesso italiano em versão francesa.
Naquele coin familiar, deixamos 5 euros no chapéu. Poderíamos não ter pago 0.50 euros em duas no banheiro, se tivéssemos pedido a ficha no balcão. “Grinhotamos” pouco, mas bem. E o mais importante, saímos de lá, desejando voltar em breve.
Chez Louisette
130 Avenue Michelet
puces de Saint Ouen
tel: 01 40 12 10 14
Metrô Porte de Clignacourt
Aberto aos sábados, domingos e segunda-feira
Aceita somente dindim
Guinguettes
No início do século XIX, para se desetressar da cidade grande, os parisienses partiam às banlieues de Ile-de-France, às bordas do rio Sena ou Marne para sacudir o esqueleto e tomar "un verre" nas bucólicas guinguettes - espécie de restaurante onde a prioridade não era comer, e sim se divertir!
Van Gogh pintou, Doisneau fotografou esse bares-bailes populares que, aos finais de semana, ficavam lotados. O intuito era, dançar, cantar e beber. No final do dia, de quebra, podia-se tomar um banho no rio - mas a partir dos anos 60/70, esses banhos foram proibidos por causa das peniches (barcos de transportes que trafegam nos rios franceses). A partir daí, o declínio das guinguettes foi iminente.
A origem do nome "guinguette" é polêmica, uns atribuem a um tipo de bebida muito comum aos vinhedos da Ile-de-France da época, o "vin aigrelet", muito consumido nessas festas, que era um vinho branco mais barato. Outros atribuem ao verbo "guinguer" (saltar, em português) que remete à dança (gigue em francês).
Seja como for, ainda nos idos do século XX, devido ao grande sucesso desses "bailes", foram criadas estações de trens (Gare Bastille) que embalavam sua amável clientela até o destino da festa - mais tarde, as guinguettes se estenderam à outras periferias como Beleville, Montrouge, Bercy. Bois de Boulogne e Vincennes.
A propósito, essas festas contagiantes, a "la bonne franchette" (sem frescura, despojadas) - foram nomeadas de "guinguetes" por seu próprio público - os donos dos restaurantes não gostavam do termo. Hoje, raras, podemos encontrar algumas delas nos arredores de Paris, com o mesmo espírito festivo da época, porém em cenários menos campestres.
Van Gogh pintou, Doisneau fotografou esse bares-bailes populares que, aos finais de semana, ficavam lotados. O intuito era, dançar, cantar e beber. No final do dia, de quebra, podia-se tomar um banho no rio - mas a partir dos anos 60/70, esses banhos foram proibidos por causa das peniches (barcos de transportes que trafegam nos rios franceses). A partir daí, o declínio das guinguettes foi iminente.
A origem do nome "guinguette" é polêmica, uns atribuem a um tipo de bebida muito comum aos vinhedos da Ile-de-France da época, o "vin aigrelet", muito consumido nessas festas, que era um vinho branco mais barato. Outros atribuem ao verbo "guinguer" (saltar, em português) que remete à dança (gigue em francês).
Seja como for, ainda nos idos do século XX, devido ao grande sucesso desses "bailes", foram criadas estações de trens (Gare Bastille) que embalavam sua amável clientela até o destino da festa - mais tarde, as guinguettes se estenderam à outras periferias como Beleville, Montrouge, Bercy. Bois de Boulogne e Vincennes.
A propósito, essas festas contagiantes, a "la bonne franchette" (sem frescura, despojadas) - foram nomeadas de "guinguetes" por seu próprio público - os donos dos restaurantes não gostavam do termo. Hoje, raras, podemos encontrar algumas delas nos arredores de Paris, com o mesmo espírito festivo da época, porém em cenários menos campestres.
No próximo post, imagens amadoras de uma das últimas guingettes que restou em Paris
Assinar:
Postagens (Atom)